‘A situação preocupa muito e vai piorar’: o alerta do prefeito sobre avanço da covid-19 em Vilhena

Somente nas últimas 24h duas pessoas morreram por complicações da doença e 112 novos casos foram diagnosticados

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Foto: Mariane Canedo

A cidade de Vilhena vive um dos seus piores períodos desde o início da pandemia do novo coronavírus. A Central de Atendimento à Covid-19 está sobrecarregada e dezenas de novos pacientes infectados pelo novo coronavírus são diagnosticados todos os dias. Somente nas últimas 24h duas pessoas morreram por complicações da doença e 112 novos casos foram diagnosticados. Há atualmente no município 575 casos ativos e 33 pacientes estão internados em isolamento na Central da Covid-19.

A taxa de ocupação de leitos da Central de Atendimento à Covid-19 é de 94,2% (sendo 86,6% na UTI e 100% na Enfermaria), segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde.

O aumento fez com que a prefeitura acendesse o alerta vermelho e que o prefeito, Eduardo Japonês (PV), pedisse a ajuda da população.

“A solução do problema de coronavírus está em cada um de nós. Então vamos seguir os protocolos de distanciamento, o uso de máscaras e álcool gel. Contamos com cada um de vocês’, pediu Eduardo Japonês, em entrevista hoje  (sexta-feira, 8) concedida ao Vilhena Notícias.

“O momento é extremamente delicado. Vamos focar na orientação e mais ações de fiscalização para que não haja aglomeração. Esta recomendação é importante e está no decreto do município. O poder público sozinho jamais vai conseguir combater a pandemia sem a conscientização da população”, afirmou Eduardo.

O prefeito não descarta lockdown se a situação piorar: “sou contra a intervenção drástica do estado nos setores de comércio, sou empresário também, mas o que está em jogo são vidas humanas. Se não houver consciência da população para num esforço coletivo reduzirmos o índice de contaminados, fecho tudo de novo”.

“De 80 a 90% das pessoas acima dos 60 anos que são intubadas por causa da doença morrem”, afirma Eduardo Japonês.

Saúde pede socorro

Com o sistema de saúde pública à beira de um colapso, Vilhena pede socorro. Até dezembro a União e o Governo Estadual faziam repasses financeiros, por meio de convênios, para garantir o funcionamento de 20 leitos de UTIs na Central de Atendimento à Covid-19 na cidade. À época, o número de pacientes internados era inferior a 50% e tanto o Estado e a União cessaram os repasses. No entanto, os casos dispararam e há mais de um mês a prefeitura banca sozinha os custos para manter funcionando os leitos de UTIs.

Na visita que fez à redação do Vilhena Notícias, o prefeito Eduardo Japonês confirmou que a tratativa para renovar o convênio com a União está em fase avançada, já com o governador de Rondônia a situação é mais complexa.

Segundo Eduardo, o Governo colocou como condição que 75% dos leitos de UTIs sejam de domínio do Estado. Ou seja, o Estado poderia enviar pacientes de qualquer outro município para Vilhena. O prefeito se coloca contra essa imposição: “Vilhena é responsável por atender os 7 municípios do Cone Sul, não temos capacidade nem estrutura física para atender cidades de outras regiões”, pontou ele.

Japonês também destacou que o decreto mais restritivo, publicado essa semana em Vilhena, servirá de base para que as outras cidades da região também adotem medidas de segurança mais rígidas a fim de evitar o agravamento da “segunda onda” da pandemia.

Na terça-feira (5) prefeitos de seis cidades do Cone Sul e representantes do Ministério Público de Rondônia (MP-RO) se reuniram por videoconferência e formalizaram uma inciativa conjunta inédita na região na tentativa de combater a pandemia. Após o encontro o prefeito Professor Ribamar, de Colorado do Oeste, comunicou a doação de dois respiradores para a Central da Covid-19 de Vilhena. A prefeita de Cerejeiras, Lisete Marth, enviou três respiradores em um esforço conjunto da Saúde do Cone Sul. As duas cidades também enfrentam surto da doença e os pacientes mais graves são socorridos pela rede municipal de Vilhena.

Nessa sexta-feira (8) o prefeito Eduardo informou que Cacoal vai doar cinco respiradores para Vilhena. Esses aparelhos ainda precisam receber manutenção para entrar em funcionamento.

Os equipamentos deverão ser instalados no Centro de Especialidades Vilhenense (CEV) que deve abrir 20 novos leitos clínicos a partir da próxima semana. A medida visa evitar que pessoas doentes entrem em fila de espera por um leito. No início dessa semana uma servidora municipal de Chupinguaia que precisava de um leito de UTI não conseguiu vaga em Vilhena e morreu dentro de uma ambulância a caminho de Porto Velho.

Situação deve agravar

Para os médicos que atuam na linha de frente no combate à pandemia, a expectativa é de que a situação piore ainda mais nas próximas semanas, devido as festas do reveillon.

Em decorrência do crescimento exponencial dos casos de Covid-19 a Prefeitura de Vilhena (RO) publicou em seu Diário Oficial na tarde desta terça-feira (5) as novas medidas de contenção à pandemia no município, decididas após reuniões do Comitê Gestor Municipal de Enfrentamento ao Coronavírus e também audiências virtuais com o Ministério Público, prefeitos e secretários de Saúde de toda a região Cone Sul de Rondônia. (Íntegra do Decreto.)

Entre as mudanças está a restrição de circulação às pessoas em geral, por áreas de lazer e convivência pública ou privada, inclusive em condomínios e residenciais, com o objetivo de realizar atividades sem relevância pública que envolvam aglomerações de mais de 16 pessoas. Além disso, a circulação nas vias, equipamentos e espaços públicos está restrita entre 23h e 5h, conforme já estipula decreto estadual. A decisão gerou críticas de empresários atingidos pelas medidas restritivas. “Há um crescimento exponencial e não estamos no pico da doença “, assegurou o prefeito.

As restrições devem ser mantidas, “mas podem ser atenuadas aos poucos se diminuirmos o contágio e o número de mortos”, garante Eduardo. O prefeito se reuniu com a classe empresarial e entidades do setor para justificar as medidas restritivas.