O Ministério da Saúde do Brasil vem promovendo, nas últimas semanas, uma série de mudanças na forma de divulgar os dados diários relativos à pandemia do novo coronavírus. A partir desta semana, uma plataforma interativa vai mostrar os números de casos e mortes por data de ocorrência e de forma regionalizada.
Com a mudança, o governo deixa de apresentar alguns dados consolidados e muda a dinâmica de divulgação. Antes, a pasta divulgava boletins atualizados diariamente entre 17h e 18h, durante coletivas de imprensa. Desde a última quinta-feira, 4 de junho, os dados têm sido divulgados próximo às 22h.
Segundo o jornal Valor Econômico, militares que ocupam postos chave no Ministério pressionam técnicos da pasta a maquiar dados relativos a casos de covid-19 e mortos pela doença
SUGESTÃO DO HANG
O novo formato teria partido de uma sugestão do empresário Luciano Hang (co-fundador e proprietário da Havan), investigado pela Polícia Federal (PF) no inquérito das Fake News.
O jornal informa que Hang publicou um vídeo em um grupo de empresários informando que irá fazer uma live com o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) para “mostrar o que está por trás dos números” recorde de mortes pela covid-19. Luciano Hang exibe, então, um gráfico com dados de cartórios mostrando uma curva de óbito sem trajetória descendente. Assim, defende que o governo passe a publicar apenas as mortes confirmadas no mesmo dia. Segundo funcionários da Saúde, no entanto, a curva mostrada por Hang é descendente “porque os dados de mortes recentes são muito preliminares”.
Segundo o Valor Econômico, a mudança deve sofrer mais retoques nesta semana, caso seja adotado um novo critério para exibição do número diário de mortes, sugerido por auxiliares do ministro Eduardo Pazuello – e que deve resultar em um número bem menor do que os atuais. A informação é da Carta Capital.
O QUE DIZ O MINISTÉRIO
Em nota, o Ministério afirmou que irá “o novo modelo de divulgação de informações sobre a covid-19 abordará o cenário atual da doença, com análise de casos e mortes por data de ocorrência, de forma regionalizada” e que os métodos de informação sobre a pandemia estão sendo aprimorados. No portal do governo, no entanto, não consta que o Brasil já registra 691.758 casos registrados da doença, com 36.455 mortes em todo o País.
