Morte de pintor em Vilhena foi crime encomendado por R$ 40 mil de recompensa

Quatro homens foram pagos para cometer o crime a pedido de Diego Brites, conhecido como “Patrãozinho”

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Marcelo Lucas executado com pelo menos 14 tiros. (Foto: Vilhena Notícias)

A Polícia Civil de Vilhena conseguiu descobrir a identidade do homem que contratou matadores de aluguel para assassinar o pintor Marcelo Lucas, de 37 anos, em 29 de maio de 2019 em Vilhena. O crime foi encomendado pelo pagamento de R$ 40 mil de recompensa. Segundo o delegado Núbio Lopes de Oliveira, titular da Delegacia Especializada na Repressão de Crimes Contra a Vida (DERCCV), Diego Brites Rego, conhecido como “Patrãozinho”, de 28 anos, foi quem contratou o pistoleiro de inicias M.S.G, vulgo “Mau Mau”, de 26 anos, para executar a vítima. O crime teve a participação de mais três homens, A.F.S., de apelido “ Pitbull”, de 26 anos, M.A.S., de 34 anos, conhecido por “ Lorota” e W.M, o “Japão”, de 28 anos.

Mais do que um tradicional crime de mando em Rondônia, o caso intrigou as autoridades e a polícia de Vilhena teve que cruzar dados com a Polícia Civil de Cacoal para chegar ao mandante e aos executores.

Rixa entre famílias deixa rastro de sangue e mortes no interior de RO

A disputa por poder político e econômico envolve os Brites e os Sotele, famílias tradicionais da região de Cacoal e Ministro Andreazza. A rixa deixou rastro de sangue e mortes para ambos os lados, nos últimos anos.

O delegado Nubio Lopes diz que a rixa entre as duas famílias tem ligação com a morte do pintor Marcelo Lucas, em Vilhena, mas para entender o caso os investigadores “voltaram no tempo”, mais precisamente no dia 7 de maio de 2019, quando foi executado a tiros o advogado Sidnei Sotele, que era procurador da Câmara Municipal de Cacoal. Relembre o caso: Tiroteio na Câmara de Vereadores mata procurador

Marcelo Lucas, segundo apurou a polícia, era “capanga” de Sidnei Sotele, e teria deixado vazar durante uma conversa com amigos que o advogado planejava um atentado contra o rival Diego Brites Rego, porém, a informação chegou aos ouvidos de Diego.

Em janeiro deste ano Marcelo Lucas cumpria pena em regime semiaberto na cidade de Cacoal e conseguiu autorização da Justiça para pagar a pena em Vilhena. Quatro meses depois dele deixar a cidade de Cacoal com a esposa, Sidnei Sotele foi morto a tiros quando estava no gramado do jardim da Câmara de Vereadores.

Para o delegado Lopes a morte de Marcelo, ocorrida 22 dias após o assassinato do procurador, foi queima de arquivo. “Marcelo sabia da rivalidade entre as duas famílias e poderia vingar a morte de Sidnei e consciente disso Diego Brites mandou matá-lo”.

Encomenda

“Os executores chegaram em Vilhena uns 20 dias antes do crime e ficaram em duas casas alugadas. A partir daí começaram a planejar a morte”, afirmou o delegado Lopes.

As investigações apontaram que logo após a morte do procurador, em Cacoal, quatro homens vieram para Vilhena com dois carros, um Toyota Corolla e um Ford Ka, além de uma motocicleta. O objetivo era matar o pintor Marcelo Lucas, a mando de Diego Brites.

Uma das revelações mais intrigantes sobre o crime é a que um advogado, a pedido de Diego Brites, descobriu através do Ministério do Trabalho onde a esposa de Marcelo Lucas estava trabalhando em Vilhena. Com o nome da empresa dois dos suspeitos foram até o trabalho da mulher e se passaram por clientes e no fim do expediente a seguiram até descobrir a casa do casal e passaram a monitorar os passos do pintor até o dia da execução, em 29 de maio, em uma casa em obras no bairro 5º BEC.

Um fato curioso é que o atirador possui uma habilidade rara, muito valorizada em atletas, por exemplo, mas que quando se trata de crime o deixa mais cruel. “Mau Mau”, que segundo a polícia fez os disparos, é ambidestro.

“Ele atira com as duas mãos ao mesmo tempo. Foi assim que ele desceu da moto no dia do crime. Saiu com duas armas atirando”, contou o delegado titular da delegacia de homicídios, Nubio Lopes de Oliveira.

Caso encerrado

Ao menos no que se refere às investigações o caso está encerrado. O inquérito foi concluído no dia 4 de outubro e enviado ao Ministério Público de Rondônia (MP-RO), que deverá denunciar ao Poder Judiciário todos os envolvidos na morte. Com exceção de Diego Brites, morto a tiros ao lado do irmão no dia 1º de agosto deste ano em Ministro Andreazza, os outros envolvidos na morte do pintor estão presos.

M.S.G., o Mau Mau e M.A.S., estão em um presídio de Porto Velho. W.M., o Japão, está preso na Casa de Detenção de Cacoal e A.F.S., o Pitbull está detido em Vilhena. Na matéria foram usadas apenas as iniciais dos envolvidos que estão vivos a pedido da delegacia de homicídios, em virtude da nova Lei de Abuso de Autoridade.