‘Me matou também’, diz mãe de ciclista de 22 anos atropelado durante disputa de racha em Porto Velho

Atropelamento aconteceu na noite de 24 de julho quando Thiago da Silva Santos voltava para casa após um passeio de bicicleta. Um dos envolvidos no racha segue foragido desde 14 de agosto; caso completa dois meses nesta quinta-feira (24).

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Miracilda Maria mantém o quarto do filho da forma como ele deixou no dia do atropelamento, em 24 de julho — Foto: Diêgo Holanda/G1

Com o quarto mantido da mesma forma que estava no dia da morte do filho, a dona de casa Miracilda Maria da Silva, de 54 anos, preserva a memória de Thiago da Silva Santos. O rapaz tinha 22 quando, na noite de 24 de julho, foi atropelado e morto durante uma disputa de racha no Espaço Alternativo, em Porto Velho. O caso completa dois meses nesta quinta-feira (24).

Thiago voltava para casa após um passeio de bicicleta com um amigo quando foi surpreendido por um carro em alta velocidade ao atravessar uma faixa de pedestres. Após o impacto, o jovem foi lançado por cerca de 30 metros e morreu ainda no local do atropelamento.

Miracilda lembra que havia dado uma parte da casa da família, no bairro Jardim Santana, para que o rapaz pudesse “construir a vida dele”. “Não tenho coragem de mexer em nada dele aqui. Ele era tão zeloso, cuidadoso com as coisas dele”, revelou a mãe.

Ciclista de 22 anos morreu após ser atropelado no Espaço Alternativo, em Porto Velho.  — Foto: Arquivo pessoal
Ciclista de 22 anos morreu após ser atropelado no Espaço Alternativo, em Porto Velho. — Foto: Arquivo pessoal

A dona de casa também conta que a morte do filho mais velho deixou um vazio entre a família, amigos e a igreja que frequentava. Uma irmã da vítima foi diagnosticada com depressão após a morte de Thiago.

“Meu filho era um filho bom e eu estou sofrendo muito. Minha dor é muito grande. Eu nunca mais tive paz, nem sossego. Minha vida acabou”.

Uma das diversões da vítima, segundo a família, era andar de bicicleta. Após realizar o sonho de conseguir um emprego, três meses antes do acidente, ele comprou uma bike.

Thiago da Silva Santos tinha 22 anos e morreu atropelado durante racha em Porto Velho em 24 de julho.  — Foto: Reprodução/Instagram
Thiago da Silva Santos tinha 22 anos e morreu atropelado durante racha em Porto Velho em 24 de julho. — Foto: Reprodução/Instagram

A mãe do jovem aponta também a falta dele no cuidado com o pai, que sofreu um acidente vascular cerebral e se locomove por cadeira de rodas.

“Eu preferia que meu filho estivesse preso igual ao que matou ele, porque pelo menos eu ia lá poder vê-lo”, desabafou a mão de Thiago.

Maria demonstra não ter sentimento de vingança em relação aos acusados de causarem a morte do filho, mas “a justiça que vai vir é de Deus. Eu creio em Deus e sei que Deus faz a Justiça. Deus vai ser fiel comigo”, afirmou.

Relembre o caso

PM prendeu um dos suspeitos do racha em Porto Velho.  — Foto: Mary Porfiro/Rede Amazônica
PM prendeu um dos suspeitos do racha em Porto Velho. — Foto: Mary Porfiro/Rede Amazônica

As investigações da delegacia de Homicídios da capital apontaram que dois carros, um Corolla e um Ônix, disputavam um racha quando ocorreu o acidente.

Gabriel Vilela Dantas, de 24 anos, motorista do carro que atingiu o ciclista, está preso desde o dia do acidente. Ele fez teste do bafômetro no momento da prisão e o resultado foi negativo.

O motorista do outro carro que estaria participando do racha é um jovem de 18 anos que ganhou o veículo de presente de uma familiar. Vitor Renato Lopes está foragido desde 14 de agosto, quando a justiça decretou a prisão preventiva dele.

Parte frontal do veículo que atingiu o ciclista em Porto Velho ficou completamente amassada.  — Foto: Mary Porfiro/Rede Amazônica
Parte frontal do veículo que atingiu o ciclista em Porto Velho ficou completamente amassada. — Foto: Mary Porfiro/Rede Amazônica

Os dois motoristas foram indiciados com a conclusão do inquérito. O Ministério Público denunciou, além deles, o carona que estava dentro do carro de Vitor, por incentivar a corrida ilegal.

A defesa de Vitor Renato Lopes da Silva informou que entrou com um pedido de liberdade provisória e aguarda uma decisão da Justiça. O advogado nega que ele estivesse participando de um racha porque estava numa velocidade 30% menor que o carro que atingiu o ciclista. O advogado que representa Gabriel Vilela não quis se manifestar sobre o caso.

Fonte: G1/Porto Velho