Posseiros destroem 2 km de cerca de fazenda invadida em Vilhena, denuncia advogado

Na fazenda, em 2015, aconteceu o maior massacre por disputa de terras do estado nos últimos 20 anos

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Foto: Renato Spagnol/Arquivo

Dois quilômetros de cerca da Fazenda Vilhena foram derrubados por posseiros. A denúncia foi feita pelo advogado Samuel Ribeiro Mazurechen nesta terça-feira, 26 de maio, à Polícia Civil de Vilhena. O causídico representa o alegado dono da propriedade. A área destruída fica no lote 62.

A terra, localizada Gleba Corumbiara em Vilhena, passa por invasões de posseiros há anos, segundo a PM. A mais recente, que até hoje mantém dezenas de famílias acampadas na área, foi em junho de 2015. Os lotes tomados pelos camponeses são: 62, 63, 64 e 85.

Em março de 2020, vários órgãos de segurança pública se reuniram na sede do 3º Batalhão de Polícia Militar para definir quais ações serão seguidas em uma nova operação de reintegração de posse da Fazenda Vilhena. Segundo o advogado Mazuchen, a Justiça já determinou a reintegração de posse, mas a ação policial que garantiria o cumprimento da decisão está suspensa em decorrência da pandemia do novo coronavírus.

Palco de chacina

Na fazenda, no dia 17 de outubro de 2015, aconteceu o maior massacre por disputa de terras do estado nos últimos 20 anos. Cinco pessoas foram mortas. Uma delas foi queimada viva, segundo a Polícia Civil.

O principal suspeito de ter arquitetado a chacina é Ilário Danelli, vulgo “Índio Branco”. Após o crime ele nunca mais foi encontrado.

Uma terra de “muitos donos”

A propriedade pertencia, inicialmente, a um fazendeiro que morava no Paraná (PR), no entanto, ele morreu e deixou a terra para herdeiros. Segundo o MP, os herdeiros venderam uma parte da área e a propriedade foi dividida em lotes.

A fazenda de cerca de mil hectares foi dada ao fazendeiro no período da ditadura militar brasileira (1 de abril de 1964 – 15 de março de 1985) mediante a distribuição de terras públicas no processo de colonização regional. Os posseiros alegam que o beneficiário [fazendeiro] teria 30 anos a partir da posse para tornar parte da propriedade produtiva, algo que nunca aconteceu, segundo eles. As famílias acampadas buscam a redistribuição da área (reforma agrária).

Os donos da área invadida contestam a informação dos posseiros e alegam que mantêm um plano de manejo florestal e que a área é produtiva.