Autoridades estudam ações para recuperar fazenda invadida em Vilhena

Na fazenda, no dia 17 de outubro de 2015, aconteceu o maior massacre por disputa de terras do Estado nos últimos 20 anos.

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Três corpos carbonizados foram encontrados na fazenda em 2015, após chacina que vitimou cinco pessoas. (Foto: José Manoel/Rede Amazônica RO)

Vários órgãos de segurança se reuniram na segunda-feira, 16 de março, na sede do 3º Batalhão de Polícia Militar, para definir quais ações serão seguidas em uma nova operação de reintegração de posse na Fazenda Vilhena, localizada na Gleba Corumbiara em Vilhena. A propriedade passa por invasões de posseiros há anos, segundo a PM. A mais recente, que até hoje mantém dezenas de famílias acampadas na área, foi em junho de 2015. Os lotes ocupados pelos posseiros são: 62, 63, 64 e 85.

Segundo o Ministério Público de Rondônia (MP-RO), a Justiça determinou a reintegração de posse das áreas invadidas. A reunião, promovida pelo Comando Regional de Policiamento III, contou com a presença da promotora de Justiça Yara Travalon Viscardi da 2ª Promotoria de Justiça de Vilhena, com atribuições nas Curadorias da Infância e Juventude, Educação, Cidadania, Direitos Humanos e Conflitos Agrários. O objetivo, segundo a promotora, foi buscar a mediação, para a desocupação pacífica da área em disputa.

Três corpos carbonizados foram encontrados dentro da casa, na noite da chacina.

Representantes da rede socioassistencial do município, a exemplo da Secretária Municipal de Assistência Social e Conselheiras Tutelares, e posseiros acompanhados de seus advogados e proprietários da terra acompanharam a reunião.

Na fazenda, no dia 17 de outubro de 2015, aconteceu o maior massacre por disputa de terras do Estado nos últimos 20 anos. Cinco pessoas foram mortas. Uma delas foi queimada viva, segundo a polícia.

O principal suspeito de ter arquitetado a chacina é Ilário Danelli, vulgo “Índio Branco”. Após o crime ele nunca mais foi encontrado.

 Conflitos agrários

A propriedade pertencia, inicialmente, a um fazendeiro que morava no Paraná (PR), no entanto, ele morreu e deixou a terra para herdeiros. Segundo o MP, os herdeiros venderam uma parte da área e a propriedade foi dividida em lotes.

A fazenda de cerca de mil hectares foi dada ao fazendeiro no período da ditadura militar brasileira (1 de abril de 1964 – 15 de março de 1985) mediante a distribuição de terras públicas no processo de colonização regional. Os posseiros alegam que o beneficiário [fazendeiro] teria 30 anos a partir da posse para tornar parte da propriedade produtiva, algo que nunca aconteceu, segundo eles. As famílias acampadas buscam a redistribuição da área (reforma agrária).

Os donos da área invadida contestam a informação dos posseiros e alegam que mantêm um plano de manejo florestal e que a área é produtiva.