Mulher é condenada a 14 anos de prisão por matar companheiro queimado em Rondônia

Júri popular aconteceu na última quinta-feira (6), em Porto Velho. Ana Darc Ferreira segue cumprindo a pena no presídio feminino da capital.

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A mulher acusada de matar o próprio companheiro queimado enquanto ele dormia, em Porto Velho, foi condenada a 14 anos de prisão em regime inicialmente fechado por homicídio duplamente qualificado. O caso ocorreu no dia 9 de novembro de 2018 e a vítima, Márcio Alves dos Santos, de 43 anos, faleceu nove dias depois.

O júri popular aconteceu na última quinta-feira (6), no 1º Tribunal do Júri da Comarca da capital, e durou cerca de 10 horas.

A defesa de Ana Darc Ferreira, de 27 anos, informou que deve recorrer da decisão na próxima semana.

“Ela se arrepende do que fez, inclusive o socorreu, e alega que foi um ato de impulso, um momento de raiva. Provavelmente recorreremos da decisão na segunda-feira (10), pois ela foi contrária a prova dos autos”, explicou o advogado de Ana, Giuliano de Toledo.

Segundo Giuliano, a linha de defesa solicitava que os jurados desclassificassem do crime inicial de homicídio triplamente qualificado para lesão corporal seguida de morte, pois a vítima não morreu no dia do caso.

Conforme a sentença de condenação do juiz Enio Salvador Vaz, o corpo de jurados – formado por quatro mulheres e três homens – decidiu, por maioria de votos, pela condenação da ré. Ana Darc Ferreira seguirá cumprindo a pena determinada no presídio feminino de Porto Velho.

Morte de Márcio

A vítima morreu nove dias após ser queimado. Segundo o irmão de Márcio, o homem faleceu devido à falência renal aguda, que foi proveniente dos ferimentos causados pelas queimaduras.

Márcio, que teve mais 70% do corpo queimado, estava internado na Unidade Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital de Base, em Porto Velho, desde o dia do crime. Durante o período de internação, chegou a sofrer paradas cardíacas, mas teve o quadro estabilizado pelos médicos.

Flávio Alves dos Santos, irmão de Márcio, disse na época da morte da vítima que boa parte das queimaduras foi na região do rosto, ouvidos e tórax.

Flávio explicou que o irmão que trabalhava como serralheiro, apresentava um quadro de depressão e fazia uso de remédios controlados. Segundo ele, a vítima e a suspeita de cometer o crime se relacionavam há cerca de quatro meses e haviam se conhecido em um bar.

Ainda de acordo com o irmão, o motivo da briga, e posteriormente o ataque que resultou na morte da vítima, se deu pois Márcio havia tentado colocar um fim na relação.

“No dia 8 eles brigaram e ela dormiu fora. Na manhã seguinte, ela voltou e esperou ele dormir, daí jogou álcool no ouvido, no rosto, no tórax e na parte genital dele, depois ateou fogo. Nós [irmão e a mãe da vítima], estávamos indo para lá, porque queríamos levar ele para uma internação compulsória. Quando chegamos, ele já estava dentro da ambulância, já tinha tido uma parada cardíaca e estava sendo socorrido”, contou na ocasião.

Flávio destacou também que o relacionamento da vítima com a suspeita nunca foi bem visto pelos familiares devido ao histórico de agressões que o irmão sofria durante as discussões. Segundo ele, em uma das brigas, a mulher chegou a usar um cigarro para queimar Márcio.

“Ficamos indignados porque ela disse na delegacia que jogou fogo nele, porque ele estaria tendo práticas homossexuais. Sinceramente, matou o cara e ainda caluniou. Ela usou isso, para fazer uma justificativa, porque tinha que ter uma história para contar. Ela pode fazer isso com qualquer um, a queimadura foi criminosa, a intenção era matar”, lamentou.

O corpo de Márcio foi velado em uma funerária da capital e sepultado em um cemitério particular, localizado na BR-364, próximo a Embrapa.

Fonte: G1/Porto Velho