Justiça absolve enteada por envolvimento na morte de padrasto em Vilhena

Marido de Rafaeli Feliz de Souza, de 28 anos, Jean Brunelli, também foi absolvido. Valdir Guimarães, então de 40 anos, foi encontrado morto na sala de casa ano passado.

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A Justiça absolveu Rafaeli Feliz de Souza, de 28 anos, e o companheiro dela, Jean Carlos Tavares Brunelli, de 26 anos, das acusações de envolvimento na morte de Valdir da Silva Guimarães, então de 40 anos, padrasto da mulher. A sessão do júri popular aconteceu na última quarta-feira (12), na 1ª Vara Criminal da Comarca de Vilhena. Valdir foi encontrado morto na sala de casa no dia 15 de julho de 2018.

O corpo de jurados foi formado por quatro homens e três mulheres. Conforme o Tribunal de Justiça, o julgamento começou por volta das 9h e terminou durante a tarde. Cinco testemunhas foram ouvidas.

Durante os debates, a Promotoria de Justiça pediu pela condenação dos então réus por homicídio qualificado – recurso que dificultou a defesa da vítima. O advogado de Jean e Rafaeli, Marcio de Paula Holanda, alegou que o casal não cometeu o crime. A reportagem entrou em contato com o advogado por e-mail. Mas, até a última atualização desta reportagem, não encaminhou resposta.

Na decisão, a juíza Liliane Pegoraro cita que o Conselho de Sentença “reconheceu a materialidade delitiva, bem como acolheu a tese de negativa de autoria”, absolvendo, então, os acusados.

As investigações da Polícia Civil, que foram concluídas quase dois meses após a morte de Valdir, indicaram que Rafaeli induziu Jean a matar a vítima. A mulher estaria com raiva de Valdir por conta de uma discussão ocorrida entre eles meses antes.

O que entendeu a polícia

Os investigadores apuraram que, no dia do crime, Valdir passou o dia todo com a esposa; estava feliz e ingeriu bebidas alcoólicas. No fim da tarde, a esposa precisou ir à cidade e a vítima ficou sozinha no sítio.

Mais tarde, Rafaeli descobriu que a mãe estava na cidade e o padrasto, sozinho. Depois disso, ela, o irmão e o marido foram para uma confraternização. Durante a festa, Rafaeli e Jean saíram do local dizendo que iriam comprar cigarros. Ela pediu para o irmão cuidar da filha dela.

Quando foi ouvida pela polícia, Rafaeli disse que demorou de 10 a 15 minutos para retornar para a festa. Porém, a versão dela foi desmentida pelo próprio irmão, que informou que o casal demorou para retornar à confraternização e que até precisou ligar para Jean. A ligação foi atendida por Rafaeli, que explicou que a corrente da motocicleta havia caído.

Outro ponto do depoimento de Rafaeli que precisou ser contrariado foi a versão de que não havia problemas com o padrasto. Os investigadores descobriram que no Dia das Mães do ano passado, ela chutou o padrasto numa discussão e Jean chegou a atirar ao alto para acalmar os ânimos.

Jean e Rafaeli foram inidicados por homicídio qualificado — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Jean, apontado pela própria vítima como o executor do crime, se apresentou na delegacia e afirmou que estava com o cunhado no momento do crime. Já o cunhado informou que ele havia saído com a Rafaeli e que demoraram para retornar.

Além disso, os policiais verificaram que Valdir foi baleado enquanto dormia na cama e se arrastou à sala, momento em que ligou para familiares. Segundo a polícia, para cometer o crime, o suspeito passou por um cachorro pit bull, arrombou a janela e atirou na vítima.

Os investigadores descobriram que o cão, até um ano de idade, pertencia a Jean. Por esse motivo, o animal não teria impedido o atirador a chegar ao local.

A Polícia Civil apurou que Valdir estava cumprindo pena por um crime cometido em Portugal. O caso não foi divulgado. Valdir usava tornozeleira eletrônica e Rafaeli não mantinha um bom relacionamento com ele.

Rafaeli e Jean foram indiciados por homicídio com duas qualificadoras: motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Morte de Valdir

Valdir foi encontrado morto em sua residência na linha 140, rua 1503, Zona Rural de Vilhena. Antes de morrer, a vítima teria ligado para os irmãos que moram em Jaru (RO) pedindo socorro. Para eles, a vítima teria contado que o marido da enteada era o autor dos tiros.

De acordo com o boletim de ocorrência, a Polícia Militar (PM), foi chamada pela esposa e pela filha da vítima. No local, os policiais encontraram o homem no chão da sala, com marcas de sangue em vários lugares do corpo. Segundo a perícia, ele foi alvejado por cerca de quatro disparos de arma de fogo.

 

Fonte: G1/Vilhena