Cinco vilhenenses de religiões diferentes falam o que acham sobre o Natal; Festa Religiosa ou comercial

Data diverge opiniões, mas mantêm o amor como palavra chave

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Muitas pessoas celebram o Natal sem saberem seu real significado. A data é comemorada em grande parte do mundo no dia 25 de dezembro, porém é festejada de diferentes formas, se encaixando assim, em cada denominação religiosa, para a comemoração do nascimento de Jesus Cristo. Os primeiros cristãos não celebravam o nascimento [de Cristo] porque consideravam a comemoração do aniversário um costume pagão. A própria Escritura Sagrada não data com precisão o dia do nascimento do Filho de Deus.

Algumas religiões como o islamismo, hinduísmo, budismo e judaísmo, não veem Jesus Cristo da mesma forma que o Cristianismo, então não comemoram a data com o mesmo significado.

Visto hoje em dia por muitas pessoas como uma festa comercial, a semana natalina tornou-se de certa forma um período chave de vendas para as lojas e para as empresas. O impacto econômico da comemoração é um fator a se considerar.

Vilhena Notícias ouviu adeptos de algumas religiões na cidade e apresenta as diferentes formas de celebrar ou não, o tão famoso dia 25 de dezembro.

 

Os Judeus e o Hanukah

O funcionário público Lusmar Farias Castro, 39, diz que “o Natal é uma festividade estranha ao judaísmo, em razão de comemorar a suposta data em que Jesus teria nascido. Mesmo que fosse verdade que o nascimento dele tivesse ocorrido nesta data, não existe um único texto nas Escrituras Sagradas que diz para celebrarmos o nascimento dEle. Para os israelitas essa data (25 de dezembro) está associada ao paganismo, com o nascimento do chamado deus-sol, e não nos é permitido prestar culto a qualquer deus ou divindade além do nosso D’us. Além disto essa festividade, hoje, está ligada mais ao comércio do que propriamente à religião”, declarou.

Chanukah é celebrada invariavelmente no dia 25 de Kislev pelo calendário hebraico, mas raramente ocorre de coincidir com a véspera de Natal. Este ano por exemplo será celebrada inicialmente na noite de terça-feira, 12 de dezembro. Esta data marca a vitória do povo judeu sobre os gregos, conquistada, há dois mil anos, em uma batalha pela liberdade de poder seguir sua religião.

Perguntado sobre como se posiciona ao ouvir um “Feliz Natal”, Lusmar diz que; “Entendo que por ser uma festividade tão importante para a sociedade na qual estou inserido, é compreensível que as pessoas tendem a fazer tais cumprimentos nesta época. Dependendo da pessoa, às vezes brinco, dizendo que ela se equivocou e que meu aniversário é em janeiro. Às vezes aponto minhas convicções”, revelou.

 

Católicos e a partilha

Por outro lado, quem enxerga a data como oportunidade de rever alguns conceitos sobre sua fé é a operadora de caixa, Luana Medeiros Silva, 25, que é membro da comunidade católica Santa Luzia. Ela e sua família mantêm uma espécie de ritual a cada Natal. “Na noite do dia 24 vamos ao culto, onde a celebração é voltada ao nascimento de Cristo e a palavra de exortação é geralmente sobre o perdão, para que analisemos nossas atitudes. Após a comunhão retornamos para casa onde a minha família serve a ceia de Natal. A meia-noite rezamos um Pai Nosso e agradecemos pelo nascimento do filho de Deus e então fazemos a partilha.”

Para ela, o verdadeiro sentido da data está sendo esquecido. “O mundo mudou muito. Quando criança adorava o Natal por questão de presente, por mais que fosse a igreja com minha mãe, não entendia o verdadeiro significado. Mas ouço histórias da minha avó de como era celebrado na igreja. Viravam a noite em orações. Hoje poucas pessoas celebram a vida do Salvador e assim, esquecem de passar para os filhos o verdadeiro  sentindo do dia. É uma data linda claro, ruas enfeitadas o Papai Noel. Mas o Natal é muito mais que isso. É o Nascimento de Cristo  que morreu  por nós e ressuscitou”, professou Luana.

 

Espíritas e seu Natal durante todo ano

“Nós espíritas não celebramos o Natal por que não sabemos o dia correto do nascimento de Cristo. Na verdade o dia 25 de dezembro era uma festa pagã, que comemorava o nascimento do sol invencível, mas nós vemos como uma data carinhosa onde muitas pessoas se unem pelo amor”. Assim declarou a entrevistada Vanderléia Acosta Siqueira, 29, Administradora de Empresas. “Nós cremos no Cristo de forma reencarnada e nossa ‘programação natalina’ na verdade é durante todo ano. Nós servimos o “Sopão” todo o sábado, como forma de ajudar o próximo. Existem comunidades que fortalecem suas ações nesse período do ano. Nós, por exemplo, termos palestras segundas e terças-feiras, ligadas a chegada de Jesus na terra”.

 

Evangélicos e a falta de altruísmo nos cristãos

A evangélica Francielen Guedes de Oliveira, Cabeleireira, 35 anos, diz que apesar da ideia de se confraternizar existe “dentro das próprias igrejas os cristãos com pensamentos egoístas. Procurando ver com que roupa eu vou pra ceia de Natal, sem ao menos ver a necessidade do seu próximo. Não existe altruísmo nessa data… é cada um por si e Deus com ninguém é claro!”, disparou.

Com declarações fortes, Francielen diz que algumas pessoas se preocupam mais com churrasco do que com o próximo. “O Natal deveria ser um momento de reflexão, de arrependimento. Deveríamos nos reunir pra fazermos nossas refeições lá fora com os perdidos. Tem gente morrendo do meu lado e eu preocupado com que carne eu vou assar ou com que vestido vou aparecer na igreja. “Aff!”. Isso me dá nojo! Nessa data a gente gasta dinheiro com a gente mesmo, entende? Ninguém tá pensando no próximo muito menos em Jesus. Se você não consegue amar o seu irmão que você vê, muito menos a Deus que não vê! É isso!”, reclamou.

 

Ateus e a boa vontade para com o próximo

“De forma geral o ateísmo de fato não comemora o Natal, mas é uma data para estar perto da família, relembrar momentos e histórias, cultivar o amor, e a importância de se fazer o bem. Claro que praticamos isso o ano todo, mas no natal é mais para a família”, Mathews Sullivan Ramos Silva, 27 anos, analista de segurança da informação, definiu assim sua visão da data. Apesar da descrição voltada para o amor, ele aponta algumas dificuldades em relação a sua escolha. “De forma resumida, natal para um ateu, também significa alguns atritos, pois geralmente sofremos algum tipo de preconceito até mesmo de familiares, mas tirando isso, é uma data para estar perto da família”.

Apesar do preconceito que diz sofrer, Ramos alega que age em prol do próximo em forma de comemoração nessa data do ano mesmo sem a espera de algum tipo de recompensa divina. “Participo de algumas ações de apoio a famílias carentes que iriam passar o natal de uma forma bem ruim. Essa ajuda é desde cestas básicas, até mesmo, uma simples conversa. Algumas pessoas estão doentes por falta de um amigo que a escute sem julgar”. Disse.

²­Originalmente destinada a celebrar o nascimento anual do Deus Sol no solstício de inverno (natalis invicti Solis), a festividade tomou outro significado pela Igreja Católica no século III para estimular a conversão dos povos pagãos sob o domínio do Império Romano então passou a comemorar o nascimento de Jesus de Nazaré.

Cinco vilhenenses de religiões diferentes falam o que acham sobre o Natal; Festa Religiosa ou comercial
Francielen – Evangélica
Cinco vilhenenses de religiões diferentes falam o que acham sobre o Natal; Festa Religiosa ou comercial
Luana – Católica
Cinco vilhenenses de religiões diferentes falam o que acham sobre o Natal; Festa Religiosa ou comercial
Lusmar – Judeu
Cinco vilhenenses de religiões diferentes falam o que acham sobre o Natal; Festa Religiosa ou comercial
Valderléia – Espírita
Cinco vilhenenses de religiões diferentes falam o que acham sobre o Natal; Festa Religiosa ou comercial
Mathews – Ateu
 

FONTE: Vilhena Notícias