Adolescente agredida em loja nega furto de fone de ouvido: “peguei para que eles arrumassem meu telefone”

A menor estrangeira diz que foi chamada de venezuelana vagabunda pelo dono da loja.

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Uma adolescente de 13 anos, vítima de agressões no interior de uma loja de assistência técnica localizada na avenida Major Amarante, no Centro de Vilhena, gravou um vídeo para rebater a acusação de furto que a loja está promovendo contra ela em mídias sociais. Segundo a menor, a loja selecionou e divulgou apenas as imagens que mostram ela pegando os fones de ouvido. Ela diz que a filmagem completa precisa ser mostrada para que as pessoas saibam o que realmente aconteceu no interior da loja.

Tudo começou quando a jovem entrou na Direya Assistência Técnica para comprar um carregador e, durante o teste, a atendente da loja teria danificado o conector de carga do celular e dito que não iria consertar o aparelho. Por meio de uma rede social a loja negou ter danificado o telefone e afirma que a menor chegou com o aparelho já com defeito.

A menor voltou para casa e minutos depois retornou na loja acompanhada do pai para tentar resolver o problema, mas não houve acordo e o impasse evoluiu para agressões físicas e verbais contra os venezuelanos. A menor ainda diz que foi chamada de venezuelana vagabunda pelo dono da loja. “Se eles mostrarem toda a filmagem do que aconteceu lá dentro as pessoas vão ver que eu fui xingada e também que não sou ladrona”, garante a menor.

Em entrevista ao Vilhena Notícias nesta sexta-feira, 22 de janeiro, a adolescente confirma que pegou o item na prateleira da loja, mas diz que agiu por impulso quando o comerciante se negou a arrumar o telefone dela.

“Eu peguei o fone e disse que devolveria quando ele arrumasse o meu celular que a atendente dele tinha quebrado”, afirma a jovem. Veja as explicações que a jovem deu sobre o caso:

O pai da garota conta que também foi agredido. Ele conseguiu filmar parte das agressões e utilizou as imagens para denunciar o pessoal da loja à polícia.

A Polícia Militar (PM) foi chamada e conduziu três homens e uma mulher, suspeitos pelas agressões, à Unidade Integrada de Segurança Pública (Unisp). A PM confirmou que os envolvidos no episódio de violência ficaram alterados com a chegada dos policiais e precisaram ser conduzidos algemados até a delegacia. Pai e filha foram até a Unisp e manifestaram a vontade de representar criminalmente pelas agressões sofridas. À reportagem, Wilfer Jacob, pai da menor, diz que irá acionar a loja na Justiça por acusação infundada de furto.

A Polícia Civil vai ouvir os envolvidos novamente no dia 6 de abril.

O dono da loja foi procurado pela reportagem para comentar o caso, mas ele não quis se manifestar.

Xenofobia

A divulgação parcial do vídeo feita pela loja, com a acusação de furto, desencadeou uma série de insultos contra os imigrantes venezuelanos nas redes sociais. No bairro onde mora com a família, a garota está sendo hostilizada. “As pessoas estão me chamando de ladrona”, lamenta a menor.

A família reside há quase dois anos em Vilhena.

Decreto do Estado impõe uso de máscara obrigatório em Vilhena

A utilização de máscaras em locais de uso coletivo, públicos e particulares com atendimento ao público, é obrigatória em Rondônia a partir da publicação do Decreto nº 25.470, no Diário Oficial do Estado, no dia 21 de outubro de 2020. O decreto prevê advertência para pessoas e multa para comerciantes que descumprirem a norma, decretada para prevenir e enfrentar a evolução da pandemia de coronavírus.

Nas imagens registradas pelo pai da garota, é possível ver que nenhuma pessoa dentro da loja fazia uso de máscara durante o atendimento. Com exceção das pessoas que sofreram a agressão, que faziam uso do item de proteção facial.