Lutador de jiu-jítsu de RO é denunciado por espancar ex-mulher com enxada

Vítima diz que teve a casa invadida após três meses do fim do relacionamento. Contra o suspeito havia um mandado de prisão em aberto, expedido em 2016 pela Vara de Violência doméstica.

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Manicure de Porto Velho denuncia lutador após ser agredida em RO — Foto: Arquivo Pessoal

Uma manicure de 34 anos procurou a polícia e usou as redes sociais para denunciar o ex-marido por violência doméstica, em Porto Velho. No último fim de semana, Cleide Ribeiro de Oliveira foi atacada com uma enxada pelo pelo lutador de jiu-jítsu Cledson Ferreira. A vítima ficou com várias lesões no corpo e o professor de artes marciais foi preso.

Na postagem em sua rede social, Cleide disse temer pela vida dela e da família caso o lutador seja solto.

A vítima revelou que a agressão do fim de semana não foi a única. Os ataques duraram cerca de quatro anos, durante o casamento, mas ela se sentia presa no relacionamento por causa das ameaças. Em maio ela conseguiu ter coragem para terminar o casamento com o lutador.

Porém, no último sábado (8), Cleide estava em casa quando o suspeito arrombou o portão e entrou no imóvel quebrando vários objetos.

Conforme boletim de ocorrência registrado, Cleide relatou aos policiais que, para impedir a fuga do suspeito após os ataques, atirou uma enxada no vidro do carro dele, danificando o veículo.

Em seguida, o agressor tomou a ferramenta da ex-mulher e começou a golpeá-la várias vezes. Cleide teve um ferimento na cabeça, ficou com o braço quebrado e vários hematomas pelo corpo.

Imagem abaixo é forte — Foto: G1
Imagem abaixo é forte — Foto: G1

Hematoma na cabeça de Cleide após ser atacada em Porto Velho — Foto: Arquivo Pessoal
Hematoma na cabeça de Cleide após ser atacada em Porto Velho — Foto: Arquivo Pessoal

“Essa foi a pior porque as lesões foram maiores, mas eu já cheguei a ficar desmaiada de agressões dele e ele simplesmente ir dormir como se nada tivesse acontecido e ainda tirava foto minha para mandar aos amigos dele. É uma pessoa fria”, revela.

Ainda segundo o registro policial, Cledson conseguiu fugir e não foi localizado naquele dia. Cleide então foi acompanhada por policiais militares até o Hospital João Paulo II, onde recebeu atendimento e foi liberada para retornar para casa.

Na manhã de domingo (9), segundo a manicure, o lutador enviou mensagens com ameaças e ela decidiu acionar a polícia, já que o suspeito tem uma casa de frente com o imóvel dela.

De acordo com o boletim, os PMs localizaram o suspeito e o encaminharam à Central de Polícia. Ele negou as agressões e disse ao delegado que acertou a ex-mulher quando foi tomar o cabo das mãos dela. O delegado registrou a prisão em flagrante com base na Lei Maria da Penha.

Na unidade policial, os agentes descobriram que havia um mandado de prisão de 2016 contra o suspeito.

G1 apurou que o mandado foi expedido pelo 1° Juizado de Violência Doméstica da capital, após Cledson ser citado por edital e não ser localizado em uma ação de 2013 que tramita na vara. Ele foi denunciado por lesão corporal e ameaça, à época.

A reportagem não localizou a defesa de Cledson Ferreira da Silva até a última atualização.

Cleide ainda teve um machucado no braço após agressão sofrida de lutador — Foto: Arquivo Pessoal
Cleide ainda teve um machucado no braço após agressão sofrida de lutador — Foto: Arquivo Pessoal

Histórico de agressões no casamento

Cleide e Cledson ficaram juntos por cinco anos. A manicure lembra que depois de um ano de relacionamento o lutador começou a ser agressivo. “Ele se fazia de arrependido, mas não usava a palavra desculpa. Ele vem abraça e pra ele está por isso mesmo”.

Nos últimos três meses, em que já estavam separados, a vítima conta que, inconformado com a separação, o ex-companheiro desligava o medidor de energia da casa e atirava pedras na portão e telhado.

“Ele me perseguia. Ele bateu e quase quebrou a porta de vidro do meu trabalho porque eu peguei minha moto de volta”.

“A minha casa é em de frente com a dele, do medo eu estou quando ele sair [da cadeia]. Eu não me sentia a vontade de receber visitas na minha casa, o portão tinha que ser o tempo todo monitorado. Temo pela minha vida, pela vida da minha filha. Eu consegui a medida protetiva, mas a gente sabe que não vale de nada. [É tanta mulher que morre com quatro, cinco medidas protetivas”, diz.

A manicure também explicou porque decidiu relatar na internet sobre as agressões.

“Eu não ia pôr [na rede social], mas eu resolvi colocar porque ele é um cara muito conhecido e as pessoas veem ele como um cara muito tranquilo, calmo. Ele é um ótimo profissional na área dele, mas de calmo não tem nada”.

Cleide também teve lesão na perna após ataque do ex-marido — Foto: Arquivo Pessoal
Cleide também teve lesão na perna após ataque do ex-marido — Foto: Arquivo Pessoal

Apoio da empresa

A empresa que Cleide trabalha repudiou as agressões contra a manicure e disse que vai dar apoio à vítima.

“A empresa Lolita Centro de Estética avançada, em menção ao ocorrido com uma de nossas funcionárias, vem a público externar seu repúdio em todo e qualquer fato referente à violência contra a mulher. Trabalhamos com serviços dedicados principalmente às mulheres, ofertamos cuidados com o intuito de realçar ainda mais a beleza de cada uma delas mediante sua singularidade. Deixamos aqui registrada toda a nossa indignação e ressaltamos que estamos prestando todo o apoio necessário à nossa colaboradora mediante ao ocorrido”, diz a nota.

Fonte: G1/Porto Velho