Polícia Civil descobre envolvimento de policial penal na morte de caminhoneiro

Policial dirigiu o carro para o ex-patrão da vítima cometer o crime, diz a polícia.

11156

Um policial penal de 44 anos, de iniciais F. A. M., está preso pela execução do caminhoneiro Emerson Valdir Mattes, em Vilhena. A detenção do agente do Estado aconteceu em maio e vinha sendo tratada com reserva pela Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa. O envolvimento do policial no homicídio foi revelado nesta sexta-feira, 21 de agosto, pelo delegado Nubio Lopes de Oliveira.

A polícia descobriu a participação do agente penitenciário no crime depois de prender, em fevereiro deste ano, um casal de iniciais D. C. S. R. (36 anos) e A. M. DA S. R (36 anos). Eles eram ex-patrões do caminhoneiro. Segundo o delegado Nubio Lopes, o policial penal dirigiu o carro até o local do crime para que o indiciado D. C. S. R., cometesse o crime.

A investigação apontou que uma dívida trabalhista e uma tentativa de golpe contra uma seguradora de veículos compõem a trama do assassinato do motorista, morto com três tiros por volta de 16h do dia 27 de janeiro deste ano, no pátio do posto de combustíveis Parada Grande, na saída para Cuiabá (MT).

Dívida trabalhista

O inquérito policial apurou que no dia 28 de janeiro, dia seguinte ao assassinato, o casal deveria ter pago R$ 38 mil de direitos trabalhistas para o caminhoneiro Emerson Valdir Mattes.

Os investigadores descobriram que o carro usado no crime, um Volkswagen Gol, foi alugado no dia 27 de janeiro, data do assassinato, pelo ex-patrão de Emerson.

Golpe contra cooperativa de seguros

A morte do motorista também está relacionada a uma tentativa de golpe contra uma seguradora de veículos. Em 2018, Emerson mentiu para a polícia de Cerejeiras. O objetivo era ajudar o casal de ex-patrões a receber o seguro de um caminhão que tombou na BR-435.

“O Emerson foi na polícia e registrou um boletim de ocorrência como sendo ele o responsável pelo acidente. Assim, os ex-patrões acionaram a cooperativa para receber o seguro contra terceiros, já que o caminhão dirigido pelo Emerson era coberto e o outro não”, conta Nubio Lopes.

Semanas depois do registro do B.O., Emerson foi demitido do trabalho e teve dificuldades para encontrar outro emprego. “Após ser dispensado, ele voltou na delegacia de Cerejeiras e disse que as informações do primeiro B.O., eram falsas e que mentiu para favorecer os ex-patrões”, declarou o delegado.

Segundo a polícia, o caminhão que tombou na margem da rodovia após o condutor dele estacionar na borda de uma ribanceira, também é de propriedade do casal, mas não tinha seguro.

“O veículo acidentado foi comprado pelos ex-patrões do Emerson, mas os documentos permaneceram em nome do ex-dono. O casal queria se aproveitar desse detalhe para fraudar a seguradora, mas o ex-funcionário, inconformado com a demissão revelou para a polícia e também para a cooperativa de seguros que tudo era uma fraude”, pontuou Nubio Lopes.

Depois disso, a seguradora cancelou o processo de pagamento por danos a terceiros e cancelou o contrato de seguro do outro caminhão do casal. A polícia não revelou valores da apólice do seguro, mas ressaltou que era uma quantia considerável de dinheiro.

Para a polícia, os elementos apurados na investigação demostram que o casal, de iniciais D. C. S. R., e A. M. DA S. R., (36 anos), foi o mandante do crime.

Outro detalhe intrigante é a ausência de imagens das câmeras de segurança da empresa do casal. O local, segundo a polícia, possui várias câmeras de monitoramento.

“Olhamos as filmagens de vários dias, mas apenas no dia 27 as câmeras não registraram nada, elas foram desligadas no dia do crime”, emendou o delegado.

De acordo com informações da polícia, o ex-patrão do caminhoneiro tem passagens por associação ao tráfico de drogas.

O caso já havia sido concluído e enviado ao Ministério Público de Rondônia que ofereceu denúncia, contra o casal, ao Poder Judiciário. Com as novas revelações, a Polícia Civil reabriu o caso e indiciou o policial penal. Quem relevou a participação dele no crime, foi A. M. DA S. R., ex-patroa do motorista.