
Mãe de autista. É assim que se define Muriely Moitinho, de Porto Velho. Mas a realidade nem sempre foi essa. Seu filho, o pequeno Heitor de 5 anos, chegou a se desenvolver normalmente no primeiro ano de vida. Porém, a partir daí, passou a apresentar sinais do Transtorno do Espectro Autista (TEA), com apenas 1 ano e 10 meses.
Com a nova realidade e a experiência que adquiriu com o passar do anos, Muriely busca ajudar e inserir pessoas com algum tipo de deficiência no projeto sociocultural ArtPupa, o qual é idealizadora.
Antes do diagnóstico, ela contou ao G1 que Heitor passou por complicações de saúde, como um quadro grave de infecção de estomatite e gengivite. “Foram 11 dias de febre alta e dor. Ele se fechou completamente. Esse foi o gatilho para entrada do TEA”.
Sem brincar ou até mesmo falar, Heitor foi levado ao pediatra e neurologista. Foi nesse período que Muriely descobriu o diagnóstico do menino. “Tudo mudou! Demorou para nos adaptarmos ao novo mundo em que fomos obrigados, de maneira brusca, a entrar. Um dia acordamos de um jeito e fomos dormimos de outro”, explicou.
Conhecer mais sobre o assunto foi o ponto de partida para a readaptação à nova realidade. Mas para Muriely, o amor é o principal gatilho de dedicação.
“Depois de muito estudo, as coisas se acertaram. Falo com propriedade sobre autismo. Aprendi a valorizar e a entender as dificuldades do Heitor. Fiz vários cursos, mas os filhos não vêm com manual, nem mesmo os autistas. Cada dia uma surpresa, alguns retrocessos e frustrações, mas com muito, muito amor”, declarou.
ArtPupa: amor que inspira
O projeto ArtPupa, criado por Muriely, nasceu em 2018. O trabalho é exclusivo a pessoas com alguma deficiência que objetivam a inclusão sociocultural. Desde então, Muriely organiza e coordena um evento anual com participação de outras instituições. Crianças, adolescentes, jovens e adultos têm a oportunidade de demonstrar no palco habilidades com a escrita ou nas quadras.
Mas este ano, a pandemia do novo coronavírus fez com que Muriely usasse a internet a seu favor para não deixar passar em branco. O evento é realizado até 2 de agosto e ocorre nas redes sociais da ArtPupa.
A organização no Facebook do projeto segue assim: na primeira semana, os participantes enviaram várias fotos modelando em frente às câmeras. Nesta, o espaço está aberto aos atletas para que enviem os registros da prática do esporte ou exibição das medalhas já conquistadas.
O principal requisito para participar é ter alguma deficiência física ou mental. “Ainda temos palestras e lives com profissionais que debatem diversos temas de interesse médico, social e também sobre os direitos dos deficientes”, contou Muriely.
Inspiração das passarelas
Como a fotografia é a principal forma de apresentação da ArtPupa em 2020, a modelo carioca Maria Júlia de Araújo, mais conhecida como Maju nas passarelas, enviou um vídeo para dar dicas aos participantes do evento.
Ela fez história no ano passado ao ser a primeira modelo com síndrome de down a desfilar na Brasil Eco Fashion Week. Em março de 2020, desfilou mais de 40 vezes na 3ª edição da Fashion Week da cidade de Osasco.
FONTE: G1