Um fato histórico e inédito foi registrado neste domingo, 1º de janeiro de 2017 na Câmara Municipal de Vereadores de Vilhena. Às 10h20 foi presidida pela vereadora Leninha do Povo (PTB) a sessão solene que deu posse a 10 dos 13 vereadores eleitos na última eleição municipal, além da posse da prefeita Rosani Donadon (PMDB) e do vice-prefeito Darci Cerutti (DEM).
Ao término da solenidade, a vereadora Leninha anunciou a convocação para a 1ª sessão extraordinária da Casa de Leis do ano de 2017. A sessão era para eleger o presidente, vice-presidente, além de 1º e 2º secretários da Câmara.
Segundo o parlamentar Rafazel Mazieiro (PSDB), havia um acordo entre os vereadores para que a sessão extraordinária fosse realizada às 12h00. “O combinado entre todos era que a sessão fosse realizada às 12h00, mas sem comunicar a ninguém, a vereadora Leninha fez a convocação para às 13h00”, disparou Mazieiro.
Segundo a própria Leninha, a mudança de horário era para dar oportunidade aos colegas parlamentares de prestigiar a transição de posse da prefeita e do vice-prefeito no auditório da prefeitura. Solenidade está que teve início às 11h30.
A confusão teve início logo após o término da cerimônia de transição de governo na prefeitura. Convidados e autoridades novamente retornaram à Câmara às 12h55 para acompanhar os trabalhos da Casa, mas um fato inédito na história política de Vilhena pegou todos de surpresa. A vereadora Leninha do Povo precisou ser levada ao hospital, onde acabou sendo internada pelo médico Luiz A. Valdez Márquez. O fato por si não teria impedido a realização da sessão extraordinária, mas os vereadores Sargento Suchi e Rogério Barrelas, ambos do PTN, além da vereadora Vera da Farmácia desapareceram. A assessores presentes na Câmara tentaram entrar em contato com os parlamentares, mas as ligações não foram respondidas. O atestado médico apresentado na Câmara, não mencionava o motivo que levou à internação da vereadora Leninha do Povo.
Dos 10 vereadores empossados nesta manhã, apenas seis, sendo eles, Rafael Mazieiro (PSDB), Ronildo Macedo (PV), França Silva da Rádio (PV), Célio Batista (PR), Samir Ali (PSDB), Adilson Chassi Laser (PSDB) permaneceram na Casa de Leis, mas para que a sessão fosse realizada era necessária a presença de 7 vereadores. A diretora legislativa da Casa, Vitória Celuta comunicou à imprensa presente que precisaria aguardar 20 minutos após às 13h00 para dar início à sessão. O vereador, segundo mais votado nas eleições, Rafael Mazieiro foi automaticamente elevado ao cargo de presidente temporário da Câmara.
O parlamentar abriu a sessão e a encerrou por falta de quórum. A partir da agora, o presidente interino irá convocar diariamente uma sessão extraordinária para a eleição da mesa da Câmara. Amanhã, segunda-feira, 02 de janeiro, às 09h00 será realizada uma nova tentativa de votação, mas para isso é necessário que a Casa tenha registrada a presença de pelos 7 vereadores.
Imbróglio
Circula pelos corredores da Câmara, que a ausência dos quatro vereadores na sessão extraordinária deste domingo, 1º, foi programada para impedir que o ‘grupo dos seis’, formado por Rafael Mazieiro, Ronildo Macedo, França Silva da Rádio, Célio Batista, Samir Ali, conseguissem votar e eleger para presidente o vereador Adilson da Chassi Laser.
Os demais membros da mesa, incluindo o vice-presidente da Casa também ficaria com o ‘grupo dos seis’. Este grupo seria o de oposição ao governo da prefeita Rosani Donadon. Os parlamentares negam fazer oposição a todo custo ao governo de Rosani.
Também buscando a presidência da Câmara, estariam o ‘grupo dos quatro’, composto por Leninha do Povo, Sargento Suchi, Rogério Barrelas e Vera da Farmácia. Em minoria numérica na Casa, os vereadores teriam articulado a ausência para aguardar a posse dos outros três parlamentares, atualmente presos, Vanderlei Graebin, Carmozino Alves e Junior Donadon para assim ficarem em maioria numérica e vencer a eleição para presidente da Câmara. Ou ainda, aguardar até que o caso dos vereadores presos tenha um desfecho e suplentes sejam convocados.
Manifestações
A população presente na Casa se revoltou com a situação e exigiu uma resposta dos parlamentares presentes. Rafael Mazieiro disparou contra os faltosos: “Muito me estranha o comportamento da vereadora Leninha. Primeiro nós tínhamos combinado a sessão extraordinária para às 12h00, mas sem comunicar ela mudou por conta e convocou para às 13h00. Nós acabamos também de receber um atestado médico dela, dizendo que não poderá estar presente”.
“É uma situação delicada. Nós acabamos de passar uma cerimônia de posse, onde todos nós, vereadores, população com os corações esperançosos ressaltamos a importância de dias melhores, mas infelizmente estamos passando por essa situação. Fico muito triste em ter que conduzir essa sessão nesta condição, porque é uma situação que pega todos nós despreparados. Nós pregamos moralidade, nós pregamos devolver a credibilidade da Câmara Municipal, da política municipal que nós havíamos perdido, mas com essas situações sujas que vem acontecendo eu já não sei se dias melhores virão”, desabafou Rafazel Mazieiro.
O vereador Samir Ali também encarou com estranheza o atestado médico apresentado pela vereadora Leninha do Povo. “Ela [Leninha] apresentou um atestado, mas os outros três poderiam estar aqui para votarmos, pois é isso que a população espera de nós”, disse Samir Ali.
França Silva foi outro parlamentar que não poupou críticas ao quarteto faltoso: “Agora pouco a gente falou sobre dar esperança para a cidade de Vilhena, da conduta de pessoas eleitas para representar a população. Até pode ser justificado o atestado apresentado, mas nós temos outros três que faltaram, e faltaram não só com o compromisso, mas sim com o respeito à população na primeira sessão na qual define o presidente e toda uma história na Câmara de Vereadores. Lamento, mas digo sempre que a conduta do homem o define”, disparou França Silva.
Célio Batista comentou que este era o momento de moralizar a Câmara. “Nós temos uma vereadora que conquistou quase 2 mil votos, mas que agiu com total irresponsabilidade”, disse Célio Batista.
O vereador Batista ainda classificou como manobra suja a ausência dos quatro vereadores.
Ronildo Macedo e Adilson da Chassi Laser também lamentaram o ocorrido. “Nossa Câmara começou muito mal. A Câmara que todos nós sonhávamos, de muito trabalho, seriedade, inclusive os discursos dos vereadores de que iriam trabalhar pelos vilhenenses, não se realizou. Os vereadores mostraram hoje, que todo o discurso pregado aqui, não é verdadeiro. Infelizmente começamos muito mal”, lamentou o vereador Adilson.
Rondildo Macedo disse que todos sonhavam com uma melhor Câmara, mas o fato ocorrido hoje, deixa dúvidas sobre o futuro da Casa.
A reportagem deixa o espaço aberto para que os vereadores que não compareceram à sessão se manifestem sobre o ocorrido. Os trabalhos na Câmara ficarão parados até que seja alcançado o quórum para as votações.

Atestado da vereadora Leninha do Povo não cita motivo da internação.
FONTE: VILHENA NOTÍCIAS