Indígena de 48 anos é candidato à vaga na Câmara de Vilhena; Kassupá é o único de sua linhagem no município

"Iremos lutar por toda a população, independente de ser índio ou não."

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Nascido em Guajará-Mirim, José Luiz Kassupá, de 48 anos, casado e pai de 3 filhos é morador do Setor 09 e filiado do Partido Social Brasileiro (PSB). O candidato que é um dos coofundadores do Movimento indígena em Rondônia, se afastou do cargo de coordenador e se lançou na disputa por uma das 13 cadeiras na Câmara de Vereadores em Vilhena.

Criado pelo avô, Kassupá foi levado para Porto Velho aos 7 anos. Ele diz que, lá teve contato direto com a realidade do “índio fora da tribo”.  Ele que conseguiu cursar o ensino médio, articulou em Rondônia o Movimento do Povo indígena em meados de 1993. “Antes disso não havia sequer uma escola dentro de áreas indígenas”, disse.

Depois que seus avós foram para Chupinguia, José Luiz veio para Vilhena, isso em 1997 quando se casou com uma mulher de etnia Aikanã. Kassupá formou família no município. Hoje, seu filho de 22 anos cursa engenharia agrônoma em Colorado, sua filha de 20, que ainda mora em Porto Velho estuda enfermagem e seu filho mais novo, 13 anos, cursa o ensino fundamental.

Pela primeira vez na disputa, Kassupá quer fugir da ideia de que faria um mandato apenas para povos indígenas. “Eu tenho consciência política, conheço o município. Sei das mazelas pelas quais a população passa. Claro que lutaria pelo meu povo, mas o vereador atual para toda a população”, disse ele.

De acordo com o candidato a preservação do meio ambiente é um dos seus principais projetos. “Todo e qualquer projeto a ser aprovado na Câmara deve primeiramente analisar a questão ambiental”. Apoiado pelo pretendente ao cargo de prefeito, Miguel Câmara, kassupá diz que apoia incondicionalmente as ideias do candidato. “As propostas do nosso futuro prefeito são claras e as minhas também. Quero chegar na Câmara e apontar, mas também resolver os problemas. Esse é o papel do vereador. Iremos correr atrás de benefícios para a população e vestir a camisa de quem realmente necessita. Eu vejo que existe um pouco de falta de compromisso daqueles que lá estão”, declarou.

Mas, e o povo indígena?

Kassupá confecciona artefatos indígenas e também faz bicos como pedreiro. Sem deixar suas raízes de lado, ele tem ideias especiais para os povos indígenas do município. “O índio produz, mas, não tem como escoar seu produto. O município pode e deve dar amparo a isso. Precisamos de uma gestão compartilhada entre município, Funai e Ministério público. Criar feiras para artesãos. Se pararmos para pensar somos uma cidade turística. Aqui tem floresta, rios, pesca, artes, comidas típicas. Mas nada disso é feito com empenho de nos tornamos turísticos” disse Kassupá.