RENATO SPAGNOL: Cultura social e cultura política são irmãs

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A cultura social (aquela que prevalece na totalidade dos cidadãos) e a cultura política de um país (aquela que prevalece entre os políticos e os administradores) estão intimamente ligadas. É comum o cidadão se lamentar dos políticos, mas estes últimos são inegavelmente uma expressão de uma inteira sociedade.

O famigerado ‘jeitinho’ brasileiro, frequentemente praticado quase que pela totalidade dos cidadãos acaba sendo em parte uma cultura em si, um modo de ser e de fazer, que tende a homologar a mentalidade e o comportamento dos políticos ativos. Neste sentido, uma classe corrupta de administradores/políticos tem o poder de implementar a corrupção na vida cotidiana de todos, tornando-a assim mais “normal”, em certo modo, aceitável.
Se trata na verdade de uma espécie de interação bilateral. Quem aceita e considera normal o conveniente, o cômodo, de uma vida social sem regras morais e civis, fatalmente votará em políticos e partidos que tendencialmente são mais dispostos a tolerar e praticar a corrupção.

Se diz que na política a corrupção é em toda parte, um fenômeno endêmico. Mas onde nasce o comportamento corrupto dos políticos? No congresso nacional? Nas prefeituras? Nos parlamentos estaduais e municipais? Nas repartições públicas, ou ainda, dentro das empresas com relação direta ou indireta com a administração pública? Seria uma espécie de “vírus do poder” que contamina o cidadão depois de eleito para administrar e zelar pelo bem público e bem-estar social?

Será que de fato podemos acreditar que exista o “vírus do poder” ? E se pensássemos que a corrupção é algo que começa dentro das casas, das famílias, do círculo de amizade/trabalho. No comportamento pessoal e coletivo do dia dia? Pense nisso!