Ativista pelos direitos dos animais é notificado por apanhar espécie silvestre sem autorização

Ativista explica que encontrou o macaquinho ferido em rodovia. Animal havia sido atropelado e corria risco de ser investido por outro veículo.

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Foto: Reprodução

O ativista pelos direitos dos animais, Dhonatan Pagani, foi notificado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) de Vilhena por apanhar um animal silvestre sem autorização. No dia 1º de novembro, Pagani divulgou em mídias sociais um vídeo em que aparece capturando um macaco-aranha ferido na BR-364. A espécie está em risco de extinção, classificada pelo ICMBio como uma espécie vulnerável. O órgão avaliou o gesto dele perigoso.

Ao publicar o conteúdo, o ativista explicou que encontrou o macaquinho ferido na rodovia. Segundo ele, o animal corria risco de ser novamente investido e morte por um carro, já que tentava atravessar a BR.

“O macaco estava indo em direção a BR novamente e um carro quase passou em cima dele, quase tomei uma mordida, daí peguei uma toalha e fiquei com ele ali por quase 1h esperando a chegada dos bombeiros”, disse Pagani. (Veja o vídeo.)

A notificação se convertida em autuação, poderá chegar a R$ 2.286,40 em multa. Ele pode apresentar defesa administrativa e até mesmo judicial buscando a nulidade do auto.

Postagem feita agora à tarde.

Em sua página pessoal no Facebool ele lamentou: “se você ver um animal silvestre se rastejando rumo a BR correndo risco de morrer, não resgate, você pode ser notificado. É Lei Federal! Mas sim, da uma sensação de impotência. Bem vindo ao Brasil!

Dhonatan Pagani é candidato a vereador pelo PSDB em Vilhena. Há cerca de dois anos ele integra um movimento de defesa animal no município.

Secretaria de Meio Ambiente faz alerta sobre riscos em capturar animais silvestres; veja abaixo nota do órgão:

Falta de manejo adequado e técnico pode acarretar em acidentes sérios para a população e animais silvestres, além de propagações de doenças graves.

A proteção da fauna está prevista na Constituição e na Lei nº 9.605/98. A legislação proíbe matar, perseguir, caçar, apanhar e utilizar espécimes da fauna silvestre sem autorização ou licença. E também no art 271 da Lei Complementar Municipal 173/2011. O alerta da SEMMA vem desde o início de 2019, sobre a boa convivência entre animais silvestres e a população.

PRECAUÇÕES PARA O MANEJO DE ANIMAIS SILVESTRES
Entre os problemas mais comuns, estão: falta de (ou pouca) informação sobre o que investigar; falta de EPI adequados; negligência dos riscos das atividades a serem desenvolvidas (por excesso de confiança), desconhecimento do local de investigação e dos agravos endêmicos na área, entre outros. O conhecimento sobre a endemicidade de zoonoses em animais silvestres no Brasil é bastante limitado e, portanto, todos são considerados como fontes potenciais de infecção. Os profissionais de campo envolvidos na captura, no manejo, na coleta e no processamento de material biológico de animais silvestres devem ter conhecimento sobre os tipos de riscos a que estarão expostos, as formas de exposição, as medidas de prevenção e de proteção individual e coletiva.

Profissionais que apresentarem fatores facilitadores de infecção (por exemplo, cortes, arranhaduras e queimaduras de pele ou de mucosa; debilidade física ou imunodeprimidos) não devem participar de operações de campo, até que esses fatores estejam controlados ou eliminados. É necessário que os profissionais façam o controle de suas vacinas, sendo imprescindíveis as vacinas contra a febre amarela, o tétano e a hepatite B, além do esquema profilático antirrábico de pré-exposição, para o qual se torna obrigatória a avaliação sorológica, anualmente.

ENFERMIDADES COMUNS EM PRIMATAS NÃO HUMANOS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua as zoonoses como “doenças ou infecções naturalmente transmissíveis entre os animais vertebrados e o homem”. Elas podem ser divididas em dois grupos: o primeiro inclui enfermidades transmissíveis dos animais vertebrados ao homem, e no segundo estão aquelas que são comuns ao homem e aos animais. A partir dessa caracterização, pode-se notar que existe uma diferença no que se refere à importância dos animais quanto ao seu papel para a ocorrência da doença (Acha, 2001; Marvulo, 2006). Desde que as zoonoses foram reconhecidas, causam problemas em todos os países, podendo estar associadas aos ambientes silvestre, rural ou urbano (Marvulo, 2006).

Ao se deparar com animais silvestres em situações que ofereçam risco a sua saúde e a do próprio animal, entre em contato com o Corpo de Bombeiros, no telefone 193, Polícia Ambiental, no telefone  3321-2129, com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA), no telefone 9.8471-2971 e SEDAM, no telefone 3321-1144.

“Fico encantado que as pessoas possam admirar e ajudar a preservar a vida silvestre, mas em condições controladas e em segurança com uma distância adequada”, explicou Thiago Baldine, secretário-adjunto de Meio Ambiente, acrescentando que o macaquinho, depois de receber cuidados, foi devolvido à natureza.