KANITAR OBERST: Meus três minutos com Sergio Moro

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No dia 18 de novembro, uma segunda-feira, fui informado que um avião da Força Aérea, utilizado pelo governo federal, iria pousar em Vilhena para reabastecimento, e o famigerado ministro da justiça, Sérgio Moro estaria nele.

O horário estava marcado para às 8h10, mas o avião só chegou às 10h02 da manhã, e ninguém sabia se o ministro iria descer do avião. Mas ele desceu e foi acomodado na sala de embarque do aeroporto Brigadeiro Camarão, situação que já havia sido agendada com antecedência junto à administração do aeroporto.

Antes de entrar para sala de embarque, o ministro passou em frente ao vitrô panorâmico do saguão do aeroporto, e até chegou a acenar para mim e para mais três pessoas, que estavam bem surpreendidas pela visita dele em solo vilhenense.

Apesar da visita surpresa, o esquema de segurança estava bem ríspido, e não foi possível entrar na sala de embarque para tentar entrevistar ou ao menos fazer uma foto com Moro.

A aeronave foi abastecida em cerca de 25 minutos, todos que havia descido retornaram ao Embraer ERJ-145 C-99, e poucas pessoas puderam ter algum contato com o ministro.

Antes de ir embora para escrever a matéria, conversei com algumas pessoas que estiveram com ele, que deram suas impressões sobre o juiz mais conhecido do país. Quase todas foram positivas, mas houve que dissesse que ele parecia mais alto na TV.

Enfim, já com o “furo” publicado no site, eu ainda tinha comigo, a informação de que Moro poderia retornar por volta das 19h00 para fazer o mesmo procedimento. Dessa vez, iria tentar falar com ele. E consegui.

Porém, o voo que deveria pousar às 18h30, só chegou as 22h10, e quem desceu do avião foi um Moro visivelmente cansado de uma agenda cheia no estado do Acre.

Moro ao descer foi logo foi para sala de embarque novamente, e dessa vez, eu consegui ficar na porta, ao lado de dois agentes da Polícia Federal, bem curiosos em relação a minha presença ali.

Observei Moro por cerca de 10 minutos, ele conversou com alguns companheiros de viagem, foi ao banheiro e se sentou em uma das poltronas da sala. Colocou seu óculos e ficou mais de cinco minutos ao celular, ao que parece lendo e respondendo mensagens. Passava a impressão de alguém que queria que a viagem terminasse logo.

Na saída consegui pará-lo com a desculpa de tirar uma “selfie” e ele respondeu com aquele sotaque paranaense “Claro! Vamos tirar uma foto!”. Quando levantei o celular para tirar a foto disse, “Parece que não vai sair boa”. Ele apenas tentou se posicionar melhor na tela do celular e tirei algumas. E realmente, parabéns para mim, a foto realmente não saiu das melhores, mas saiu.

A fisionomia de Moro mostrava alguém cansado e nada acostumado ao corre-corre e debates políticos.

Perguntei se estava cansado, para tentar puxar conversa, mas o ministro já andando, disse que estava sim, e que tinha ido a muitos lugares naquela segunda-feira, e que teria uma agenda cheia no outro dia e a semana seria puxada também. E por isso, precisavam ser apressar.

Agradeci pela foto, e ele respondeu um “valeu”, e já foi “levado” pelos agentes da PF até a aeronave, que retornaria à Brasília.

Pelos meus cálculos, o ministro deu atenção a este reles jornalista por cerca de 180 segundos, ou três minutos, contando a infinita demora para se tirar o “selfie”.

A minha impressão sobre Moro, é que ele parece um peixe de rio nadando num oceano. Alguém que está sofrendo com um mundo tão diferente daquilo que ele conhecia e tinha como o certo, mas que tem uma grande chance de se adaptar,  e virar um tubarão nesse oceano.

Todos nós sabemos que a política em seus bastidores é fria, e que é preciso ceder muitos em seus valores morais e éticos, por isso, muitos não conseguem sobreviver. Porém, vivemos no Brasil uma caça às bruxas, uma era diferente, onde o povo apoia fielmente essa mudança contra a corrupção, mesmo sendo esse povo, os maiores agentes de corrupção dentro da nação.

Vamos ver onde vai dar.