Heleno faz ameaça velada: “apreensão de celular de Bolsonaro é ‘interferência inadmissível’ e pode ter ‘consequências imprevisíveis’

1285
O ministro Augusto Heleno, do GSI, durante evento no Palácio do Planalto Foto: Jorge William/Agência O Globo/01-04-2020

O ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, publicou em seu Twitter uma “Nota à Nação Brasileira” em que afirma que o pedido de apreensão do celular de Jair Bolsonaro, feito por deputados ao STF, é “inacreditável”.

Ao fim do texto, Heleno faz uma ameaça velada, ao dizer que, caso a apreensão seja autorizada — a decisão cabe a Celso de Mello — haverá “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”.

É mais um lance de Heleno, que há meses vem contribuindo para escalar a polarização e tensionar a relação, ora com o Congresso.

Foi ele que foi flagrado envenenando Bolsonaro contra o Parlamento, dizendo que os parlamentares “chantageiem” o governo.

Disse Heleno na ocasião:

“Nós não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo. F***-se”

Há duas semanas, Heleno respondeu com uma frase enigmática a um internauta que lhe perguntou no Twitter qual seria sua resposta a uma manifestação de Celso de Mello na semana anterior.

Na manifestação citada pelo internauta, o ministro do STF afirmou que, caso Heleno, Luiz Eduardo Ramos e Walter Braga Netto não fossem depor espontaneamente, deveriam ser buscados “debaixo de vara” — fazendo referência a uma expressão usada na época do Império.

Na ordem para que a PF colha o depoimento dos ministros, Celso de Mello escreveu que “se as testemunhas que dispõem da prerrogativa fundada no art. 221 do Código de Processo Penal, deixarem de comparecer, sem justa causa, na data por elas previamente ajustada com a autoridade policial federal, perderão tal prerrogativa e, redesignada nova data para seu comparecimento em até 05 (cinco) dias úteis, estarão sujeitas, como qualquer cidadão, não importando o grau hierárquico que ostentem no âmbito da República, à condução coercitiva ou ‘debaixo de vara'”.

O internauta perguntou a Heleno:

“Ministro o senhor não irá dar uma resposta à altura em Celso de Mello na questão de que se precesar (sic) buscará vocês na vara? Estamos revoltados com isso”.

Respondeu o ministro:

“Tudo tem sua hora”.

 

Fonte: O Globo