Famílias se adequam à quarentena e criam atividades para rebater o ócio e a ansiedade em Rondônia

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O isolamento social neste período de pandemia de Covid-19 em Rondônia é um dos principais meios de prevenção e combate ao contágio da doença, e tem motivado muitas famílias a criarem novas perspectivas sobre tarefas e brincadeiras a serem desenvolvidas em casa para evitar o ócio e a ansiedade.

De quarentena com a esposa e mais quatro filhos, o funcionário público Cristiano de Paula, diz que a rotina em casa mudou completamente. “Nós temos filhos nas idades de 3, 4, 10 e 13 anos e desde o início da quarentena temos feito o isolamento social inclusive dos parentes. As atividades escolares continuam, porque a escola tem encaminhado as tarefas online, e eu e minha esposa estamos em home office. Estamos conciliando o trabalho, com as atividades dos meninos e as domésticas”, conta.

Segundo o casal o trabalho aumentou, já que dispensaram a diarista para que ela também fique em isolamento social.

“Logo no início ficamos muito preocupados, três dos nossos filhos são do grupo de risco porque tem asma, e um deles no ano passado teve três pneumonias devido a uma imunodeficiência para essa doença”, disse Thais  Francine de Paula, esposa de Cristiano, e também servidora pública.

 

“Estamos tomando todos os cuidados em casa, e a partir do momento em que começamos a filtrar as notícias e aplicar atividades lúdicas para entretê-los tudo ficou bem mais tranquilo”, diz Thais.

 

Resumindo o período de quarentena, Thais declara que tem sido muito mais intenso do que a rotina normal. “Estamos nos revezando entre as crianças e o trabalho, e ainda todo o serviço doméstico”. Cristiano acrescenta a importância dos casais se ajudarem. “Não deixar o trabalho de casa e das crianças só para a esposa é fundamental para manter o equilíbrio. E isso nós publicamos em nossas redes sociais para trocar ideias e ajudar as demais famílias com dicas de como o comportamento familiar pode ser harmonioso quanto todos se adaptam à essa realidade com tranquilidade”, completa.

Matheus Gabriel Dantas tem 9 anos e está em casa desde a segunda quinzena de março, quando as aulas foram suspensas por conta da pandemia. “Eu também fiquei sem poder ter aula de música e brincar na rua com os meus colegas. Estou com saudade de ir para a escola e de fazer as coisas que eu fazia todos os dias, mas ficando em casa eu faço as tarefas da escola, jogo pela internet, assisto séries e vídeos, e quando eu quero gastar mais energia, ando no meu skate no pátio de casa ou de bicicleta no quintal”.

A idosa Hilma Santana, 68 anos, é aposentada e diz que o isolamento não é fácil, porém necessário. “Para quem está acostumado a ter uma rotina ativa, não é assim tão simples, mas para passar meu tempo eu leio a Bíblia, faço palavras cruzadas, faço exercícios que pesquiso na internet e são possíveis de fazer em casa, sem muito ‘avexamento’. E eu meu esposo estamos vivendo assim, tipo ‘detidos’, mas temos que nos prevenir porque já estamos numa idade avançada e tenho fé em Deus que vamos vencer esse vírus”.

Com o esposo, Manoel José Monteiro de Almeida, 61 anos, a idosa diz que faz bolos, biscoitinhos e tudo que pode para ocupar a mente. “Assistimos um bom filme, não ficamos aperreados com as notícias, cremos que tudo isso vai passar e logo, logo poderei voltar a fazer minhas caminhadas e hidroginástica. Estando em casa, estamos mais protegidos”, enfatiza Hilma.

A servidora estadual Mayana Jakeline Costa de Carvalho, está em home office juntamente com o esposo, considera o período peculiar e diz que está tentando se adequar da melhor forma à quarentena. “Acostumada a trabalhar em meio a muita gente, com grande circulação de pessoas o tempo todo, é um pouco estranho, mas temos conseguido desenvolver nossos trabalhos, até porque todos os nossos serviços são eletrônicos, de modo que as contratações e processos públicos continuam tramitando regularmente e ao mesmo tempo conseguimos nos prevenir e cumprir a quarentena que os órgãos de saúde estão recomendando”, conclui.

Segundo a psicóloga Janaína Sampaio, a necessidade do isolamento social está provocando novas configurações na convivência em sociedade.  “Diante dos dados da realidade observa-se sim, um movimento positivo: são profissionais se reinventando para permanecer ativos no mercado de trabalho, uma latente preocupação com a saúde em geral, principalmente com os idosos, pais descobrindo habilidades nos filhos que antes não eram perceptíveis, pela falta de tempo, pessoas buscando investir no auto cuidado físico e mental”.

Janaína destaca ainda que uma grande parcela da população se tem se mobilizado para ajudar pessoas que vivem em estado de vulnerabilidade e um reconhecimento das profissões essenciais que antes não eram tão valorizadas.

“A situação, por mais dolorosa que seja, nos traz uma reflexão que pode gerar um aprendizado, e penso que o atual momento é uma boa oportunidade para meditarmos sobre nosso papel no mundo e o legado que deixaremos para as próximas geração. Temos hoje, uma chance de imprimirmos uma nova dinâmica de cooperação, empatia, acolhimento e cuidado com os nossos, pois nunca precisamos tanto uns dos outro como agora e quando desenvolvemos essas atitudes, estamos intervindo diretamente na prevenção de saúde mental”, conclui a psicóloga.

Fonte: SEMCOM – RO