RO: criança de 2 anos que estava abrigada morre afogada e mãe pede Justiça

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Uma tragédia abalou o município de Cujubim em Rondônia, no último sábado (20), quando uma criança de apenas dois anos, que estava sob custódia do abrigo municipal, morreu afogada durante uma atividade recreativa realizada fora da instituição.

Segundo informações preliminares, a mãe do menino havia participado de uma audiência na terça-feira (17), na qual buscava judicialmente a guarda dos filhos. Três dias depois, foi surpreendida com a notícia da morte do caçula.

Em entrevista ao VILHENA NOTÍCIAS, Gleiciane Rodrigues, de 32 anos, contou que estava trabalhando e havia deixado os filhos aos cuidados de uma vizinha. Uma denúncia ao Conselho Tutelar teria informado que as crianças estavam sozinhas, e, ao ser questionada, a vizinha teria negado que estivesse cuidando delas. Com isso, os quatro filhos da mulher foram levados para o abrigo.

A mãe afirma ainda que foi acusada injustamente de usar drogas e admitiu que consumia bebidas alcoólicas. “Me tiraram meu filho e me devolveram dentro de um caixão. Eu fiz exames para provar que eu não uso drogas, eu trabalho. Já deixei de comer muitas vezes para não deixar faltar comida para os meus filhos”, desabafou.

De acordo com Gleiciane, as crianças foram levadas para atividades de lazer em uma residência que seria de um pastor. Foi nesse local que o menino se afogou em uma piscina.

Outro ponto que gerou indignação foi a forma como ocorreu o velório da criança. Segundo a mãe, o corpo foi velado dentro de uma funerária, e não na capela mortuária, com acesso restrito apenas a familiares próximos cujos nomes deveriam constar em uma lista.

O VILHENA NOTÍCIAS teve acesso a um áudio que segundo a mãe da criança, teria sido enviado por uma funcionária do abrigo à mãe, em que ela solicitava que fosse encaminhada uma lista com os nomes autorizados a participar da cerimônia.

A restrição causou revolta entre moradores da cidade, e segundo a mãe, populares chegaram a invadir a funerária para se despedir da criança, identificada como Silas. Gleiciane pediu que o velório fosse estendido para que familiares que moram em Ji-Paraná pudessem chegar a tempo, mas a solicitação foi negada. O sepultamento ocorreu por volta das 22h do mesmo dia.

A mãe afirma ainda, que ficou sabendo da morte do filho por terceiros, e não pelo Conselho Tutelar. Ela afirma também que na hora do sepultamento, eles precisaram entrar no cemitério pelos fundos, e que ela não entende o motivo pelo o qual não puderam entrar pelo portão principal.

“Me disseram que eu não era mãe”

No dia seguinte ao sepultamento, Gleiciane contou que esteve no abrigo para ver os outros filhos, mas afirmou ter sido impedida de tirar uma foto com eles. Segundo ela, ouviu de uma funcionária que “não era mãe”.

“Além de não poder tirar uma foto com meus filhos, uma funcionária questionou: ‘o que essa mulher está fazendo aqui, ela não é mãe não’. Ouvir aquilo me doeu muito. Eu sou mãe sim, como não?”.

A mãe afirma que sofreu diversos tipos de discriminação e pede Justiça. “Meu filho foi tirado de mim, fui acusada de várias coisas que eu não faço. Eu não tive nenhum tipo de acolhimento, pelo contrário, até agora não sei exatamente o que realmente aconteceu. Meu filho foi enterrado e eu agora quero Justiça”, declarou.

Órgãos oficiais não se pronunciaram

O VILHENA NOTÍCIAS entrou em contato com a Prefeitura de Cujubim e com o Conselho Tutelar para obter esclarecimentos, mas até o fechamento desta reportagem não houve resposta.