
Cerca de 90% dos funcionários dos Correios em Vilhena decidiram aderir à greve nacional que teve início às 22 horas desta segunda-feira, 17 de agosto. A paralisação é por tempo indeterminado, em protesto contra a retirada de direitos e a privatização da empresa, informou Valcir da Silveira, delegado sindical que representa os agentes de encomendas de Vilhena. Greve atinge setores de atendimento e distribuição
A paralisação afeta todo o país. São cerca de 100 mil trabalhadores parados. Ontem, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect) disse que foi surpreendida com a revogação, a partir de 1º de agosto, do atual acordo coletivo dos trabalhadores com a empresa, cuja vigência vai até 2021.

Segundo Valcir da Silveira, 70 cláusulas com direitos foram retiradas do acordo coletivo. A medida impacta em 50% nos ganhos dos trabalhadores. A Federação informa ainda que 30% do adicional de risco, vale-alimentação, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, indenização por morte e auxílio para filhos com necessidades especiais, além de pagamentos como adicional noturno e horas extras foram extirpados dos trabalhadores.
Privatização

O governo Bolsonaro quer privatizar os Correios. O delegado sindical Valcir da Silveira, aponta que os argumentos do governo para vender um dos grandes patrimônios dos brasileiros são infundados. “A alegação do governo de que os Correios não dão lucro não cabe. A empresa não foi criada para dar lucro, ela precisa apenas se sustentar e oferecer os serviços em todos os municípios do país”, destaca Valcir.
Em 2019, segundo o delegado sindical, os Correios apresentaram lucro de aproximadamente R$ 102 milhões. “O valor é considerável para não ser considerado como lucro”, aponta o delegado sindical.
Para Valcir, a privatização vai deixar centenas de municípios e distritos desassistidos: “as empresas de encomendas vão apenas onde dá lucro, municípios pequenos e distritos simplesmente não vão ter serviços como entregas, serão milhares de brasileiros sem serviços essenciais que a empresa Correios presta”.
Em nota, os Correios informou ter um plano de continuidade de negócios para manter o atendimento à população em qualquer situação adversa. A estatal informou que o objetivo primordial é cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, de forma a retomar a capacidade de investimento e sua estabilidade, e manter os empregos dos funcionários.