Mulheres de 56 etnias se unem para lutar pelo protagonismo feminino indígena em Rondônia

Fundada em 2015, a Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia promove oficinas e facilita o intercâmbio com povos de todo Brasil. Além disso, a AGIR promove capacitações para inserir as mulheres na construção da autonomia dos seus povos.

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Assembleia da AGIR em Cacoal, RO — Foto: Reprodução/Instagram

A Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia (Agir) é a primeira associação feita exclusivamente por mulheres indígenas no estado. Ela foi criada em 2015 para estimular o debate sobre questões territoriais e para ser um espaço seguro na luta contra a violência contra a mulher.

Com o objetivo de unir as mulheres indígenas e fortalecer o protagonismo feminino a nível municipal, estadual, nacional e internacional, a associação reúne mulheres de 56 povos de Rondônia.

“A AGIR nasceu da necessidade das mulheres indígenas de Rondônia de ter uma voz que levasse a nossa luta além dos nossos territórios”, disse ‍Maria Leonice Tupari, coordenadora da associação.

Fundada durante o primeiro encontro de mulheres indígenas de Rondônia, a Agir promove cursos e capacitações para mulheres de diversas etnias. Entre as ações desenvolvidas pelo grupo, está a de “garantir o reconhecimento dos direitos individuais e coletivos das mulheres indígenas e a sua importância na construção da autonomia dos seus povos”.

Maria Leonice Tupari, coordenadora da associação e precursora da luta da mulher indígena em Rondônia, explica que, a luta é pelo planeta.

“Somos uma organização estadual na luta do direito dos povos indígenas com foco especial na mulher indígena. Quando a gente fala na questão das mulheres, a gente também lembra que no território não vive só de mulheres, então nossa luta é pelo nosso povo, e pelo planeta”, disse Leonice.

Maria Leonice Tupari, coordenadora da AGIR — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Como funcionam as assembleias

As assembleias, realizadas anualmente, promovem a inserção das mulheres nas políticas públicas, na gestão de seus territórios, na educação, na saúde da mulher, na produção da alimentação tradicional e na criação de materiais, entre eles, o artesanato.

Maria Leonice explica que para inserir mais mulheres no movimento, as assembleias acontecem em diversas aldeias do estado.

“A gente sempre faz o rodízio a nível de estado, para não ficar só em uma cidade. A gente vai ter a assembleia online, por conta da pandemia da Covid-19, mas a maioria são em terras indígenas e a gente faz o sorteio em um evento para ver onde vai acontecer o próximo”, explicou Leonice.

 

Marcha das mulheres indígenas

Na última terça-feira (7), a II Marcha das Mulheres Indígenas teve início em Brasília. Cerca de 4 mil líderes, de 150 etnias de várias regiões do país, se juntaram a 1,2 mil indígenas que estão acampados no Distrito Federal desde o dia 24 de agosto para acompanhar o julgamento do chamado marco temporal para a demarcação de terras, no Supremo Tribunal Federal (STF).

Mulheres indígenas de Rondônia na Marcha das Mulheres Indígenas em Brasília — Foto: Bitate Juma/Redes Sociais

Na noite de abertura, integrantes da AGIR apresentaram cantigas e danças tradicionais de diversos povos.

 

 

FONTE: G1