Mariana Carvalho processa jornalista Mauro Fonseca por dizer que ela troca apoio por bolsas de faculdade

Fonseca fez o comentário depois da tentativa frustrada dos partidos PSDB, PSD e DEM de fechar acordo em torno do vereador Samir Ali para disputar a Prefeitura de Vilhena nas eleições municiais de 2020

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Por ter dito que a deputada federal Mariana Carvalho (PSDB) responde ações judiciais, por trocar apoio em candidatura por bolsas de faculdade, o jornalista Mauro Fonseca está sendo processado por injúria, calúnia e difamação. A entrar com a ação, é a própria deputada.

Fonseca fez o comentário em janeiro deste ano depois da tentativa frustrada dos partidos PSDB, PSD e DEM de fechar acordo em torno do vereador Samir Ali, do partido de Mariana, para disputar a Prefeitura de Vilhena nas eleições municiais de 2020. Mauro atuou como mestre de cerimônia da reunião, a convite do próprio Samir, e ao final disse que viu o “impossível acontecer”, um racha entre os três vereadores do PSDB (Rafael Maziero, Adilson de Oliveira e Samir Ali) e a vice-prefeita de Vilhena Maria José, também psdebista. (Veja o vídeo no final da matéria).

Mariana Carvalho com Ronaldo de Paiva na campanha eleitoral de 2018.

A insinuação da troca de apoio por bolsas de estudo, feita por Mauro, foi em decorrência da reclamação de um acadêmico de direito da faculdade Fimca, que pertence à família da deputada. Em julho de 2019, o estudante Ronaldo Silva de Paiva, de 30 anos, procurou veículos de imprensa para reclamar que tinha estabelecido uma bolsa de estudos de 50% junto a instituição de ensino superior, porém ao refazer a rematrícula foi informado que não teria mais a bolsa para continuar os estudos.

À época, Ronaldo revelou que trabalhou para Mariana Carvalho no período eleitoral de 2018 e disse não acreditar que a faculdade da família dela havia cortado a bolsa.

Em nota, à época, a FIMCA disse que uma auditoria na unidade de Vilhena apontou que algumas bolsas estavam fora do percentual. Os percentuais que estavam fora do regulamento teria sido autorizado por um funcionário que não possuía credenciamento para esse fim, e em alguns casos não existe sequer um documento comprovando o percentual a mais. A direção confirmou que percentual excedente não seria mantido ao acadêmico.

Procurado pela reportagem Mauro Fonseca se disse estarrecido. “Acompanhei as enfadonhas 7 horas do encontro e foi exatamente isso que aconteceu, inclusive quem lá estava teve a mesma sensação. É uma lástima os poderosos ainda agirem assim, coagindo meu direito à informação e à liberdade de imprensa. Confio na justiça e no final veremos quem realmente estava com a razão. Isso não fará meu trabalho parar”.

O jornalista aponta ainda vontade da deputada em atingir o grupo dos Gurgacz, que historicamente é adversário político da família da deputada. “O evento foi dia 7 de fevereiro, eu não trabalho na Redetv desde 20 de dezembro do ano passado”, concluiu Mauro. A emissora também está sendo processada.