Exposição em Vilhena promove discussão sobre queimadas e relação do homem com o fogo

Mostra de Pedro Casteleira é inspirada em tragédia que vitimou casal, encontrados abraçados após incêndio

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Provocante e delicada, a exposição “Carbo: da fome pelo fogo”, de Rodrigo Pedro Casteleira, inaugurada na última sexta-feira, estimula nos visitantes a reflexão sobre as queimadas, a relação do ser humano com o fogo e como as “chamas do progresso” criam situações de ausência da presença e presença da ausência. Aberta das 7h às 12h, de segunda a sexta-feira, na Fundação Cultural de Vilhena (FCV), a mostra também está disponível para visitas agendadas em outros horários.

“A exposição é fruto de uma pesquisa iniciada em 2019, disparada, sobretudo, por conta da morte de um casal, Eidi Rodrigues de Lima, de 36 anos, e Romildo Schmidt, 39, moradores da Linha TB-14 no Assentamento Galo Velho na Zona Rural de Machadinho do Oeste (RO). Longe de ser um caso isolado, a mortandade da terra e das existências pela fome do fogo tornaram-se comuns e, pensando nessa dinâmica das queimadas, tento materializar uma poética desde os vestígios das queimadas. É das cinzas e terra que extraio, por exemplo, os pigmentos para criar as tintas para pintar as silhuetas do casal”, explica o artista.

França Silva, presidente da FCV, destaca que a galeria da Fundação está aberta para todos os artistas que desejam utilizar o espaço para mostrar sua arte. “Em breve vamos publicar chamamento público para 2022, a fim de organizar a agenda do ano que vem para termos muitas atividades por aqui. Visitem e divulguem os artistas locais que tanto têm em qualidade e disposição”, revela França.

“Carbo” é composta por não mais que barbantes, carvão, tigelas, arapucas e folhas secas, mas seu significado profundo, especialmente por acontecer na cidade conhecida como “Portal da Amazônia” em período com recorde de queimadas no país, desperta o debate de maneira silenciosa e abstrata. “Inclusive, a partir da silhueta do casal, capturada da foto que estampou os noticiários, também me valho para marcar a presença da ausência e a ausência da presença. O trabalho não intenta ser uma narrativa apenas de denuncismo, mas também de chamar a atenção para nosso consumo daquilo que o fogo consome”, conta Pedro, conhecido popularmente como “PC”.

Na abertura da exposição, “PC” recebeu convidados e fez também performance com ajuda do artista de shibari, Emerson Pessoa. As imagens podem ser conferidas na galeria da matéria.

Mais informações podem ser conseguidas pelo WhatsApp institucional da Fundação Cultura, 3321-1777.

Semcom

COM PERFORMANCE PROVOCATIVA, artista estimula debate na Fundação Cultural de Vilhena