Acusado de matar mulher e tentar esquartejá-la vai a júri popular em Vilhena

De acordo com a denúncia do MP, Luan e Anna tinham se separado há poucos dias

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Luan – Foto: Polícia Civil/Divulgação

Irá a júri popular o auxiliar de produção de frigorífico, Luan Wudarski do Nascimento, de 24 anos, acusado de matar de matar a ex-mulher, Anna Karolyne dos Santos, de 19 anos, e tentar esquartejar o corpo dela. O crime foi registrado em julho do ano passado, em Chupinguaia.

De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP-RO), Luan e Anna tinham se separado há poucos dias. No dia do crime, ele foi até a residência de Anna e cometeu o assassinato, asfixiando-a e realizando cortes de faca em diferentes regiões do corpo da mulher.

Ainda conforme a denúncia, o crime foi motivado pelo fato de o acusado não concordar com a separação e também pelo posicionamento da vítima, que pretendia reivindicar a guarda da filha do casal. Inclusive, segundo o MP-RO, o homicídio teria sido praticado na frente da menina, de dois anos de idade.

Durante a instrução processual, oito testemunhas foram ouvidas e o réu interrogado. Luan admitiu que ele e a vítima tinham se separado há poucos dias e que, na noite dos fatos, estava embriagado quando foi à casa dela.

No local, Luan alega que ambos iniciaram uma discussão por causa da guarda da filha. Durante a briga, Luan afirma que Anna se apossou de uma faca e partiu na direção dele. Depois disso, eles teriam entrado em luta corporal e, quando Luan se deu conta, a mulher caiu e não se mexeu mais.

Luan ainda disse que ficou desesperado, pegou a filha e levou para a casa dos pais. Com isso, a defesa de Luan alegou ao Judiciário que o acusado não teve intenção de matar a ex-mulher.

Na avaliação, a juíza Liliane Pegoraro Bilharva não acolheu a tese de legítima defesa, haja vista que o laudo de exame tanatoscópico aponta que a morte da vítima “decorreu de asfixia mecânica por estrangulamento e perfuração da veia jugular interna direita por instrumento cortante”.

Além disso, entre os testemunhos prestados ao Judiciário, a mãe e o padrasto da vítima afirmaram que já tinha havido outro episódio de violência por parte de Luan contra Anna. Eles ainda ressaltaram que Luan tinha muito ciúme de Anna.

Dessa forma, a juíza acolheu a denúncia do MP-RO e Luan vai a júri popular por homicídio, com as qualificadoras de motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio.

O advogado Marco Aurélio Rodrigues Mancuso informou que a defesa ainda avalia sobre a possibilidade de recurso. O julgamento ainda não tem data prevista para acontecer.

Prisão

O acusado se entregou à polícia no município de Alto Garças (MT), em setembro do ano passado, após a Polícia Civil divulgar a fotografia dele. O Judiciário havia decretado a prisão preventiva, mas Luan não tinha sido encontrado na região.

Na ocasião, Luan foi encaminhado para a Cadeia Pública de Alto Garças, mas a 1ª Vara Criminal de Vilhena pediu a transferência do preso para a cidade. Contudo, a defesa alegou que o cliente corria riscos à integridade física, caso retornasse para Rondônia.

Com isso, a 1ª Vara Criminal pediu ao Judiciário do MT que mantivesse Luan recolhido em Alto Garças, onde ele aguarda julgamento.

Entenda o caso

Um homem, de 50 anos, chamou a PM na madrugada do dia 8 de julho de 2018. Ele contou aos militares que o filho, Luan Wudarski do Nascimento, chegou na casa dele pedindo para que cuidasse da filha, pois havia matado a mãe da criança. Em seguida, Luan fugiu em uma motocicleta.

O pai disse não ter acreditado que Luan pudesse ter matado Anna. Mesmo assim, o homem acionou a PM e foi com os militares até o endereço da mulher. Ela já estava morta e apresentava, aparentemente, duas perfurações no pescoço.

Depois das investigações, a Polícia Civil concluiu que Luan matou Anna por asfixia e depois tentou esquartejar o corpo, para escondê-lo.

“O médico legista encontrou sinais irrefutáveis de que Anna foi asfixiada por estrangulamento. O médico não conseguiu descobrir se as facadas foram aplicadas enquanto ele dava uma gravata nela ou depois que ela caiu. O que aparentava ser apenas dois cortes no pescoço, na verdade, foram sete, na mesma direção, e outros 5 cortes na junta do braço, em direção diferente”, explicou o delegado Núbio Lopes de Oliveira, em entrevista em agosto.

O delegado salientou que Luan trabalhava em um frigorífico e os cortes lineares foram praticados na tentativa de mutilar o corpo.

“Existe uma tendência natural do homicida esconder o cadáver depois de praticar o homicídio. Depois que ele asfixiou a menina, ele quis esquartejar o cadáver e esconder o corpo. Dois dos golpes atingiram um vaso sanguíneo no pescoço e por isso tinha tanto sangue no chão”, disse o delegado na ocasião.

 

 

Fonte: informações do G1