A cidade fica mais colorida a bordo da bicicleta do “índio kimbal”

Antônio viveu em uma aldeia indígena até os 16 anos, no interior da Bahia

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Antônio viveu em uma aldeia indígena até os 16 anos, no interior da Bahia. (Fotos: Renato Spagnol)

É sobre duas rodas bastante coloridas que o baiano de 56 anos, Antônio Veríssimo de Carvalho ganha impulso para tocar a vida diária pelas ruas de Vilhena. A bordo de uma Mornak retrô decorada com milhares de fitinhas do Senhor do Bonfim, e na cestinha um velho rádio sempre ligado, ele corta as ruas e avenidas e chama a atenção das pessoas por onde passa.

“[As pessoas] ficam curiosas e quando me perguntam se sou viajante, eu respondo que a vida por si é uma viagem, e confirmo que sou daqui mesmo”, comentou sorrindo o índio kimbal, como gosta de ser chamado Antônio Veríssimo, filho de pai de origem africana e mãe indígena.

“Sou tribo de um homem só”. Antônio Veríssimo de Carvalho.

Homem de fé, ele explica que as fitinhas do Senhor do Bonfim têm relação com a sua religiosidade. Já os adereços coloridos que enfeitam sua bicicleta, ele diz que representam o colorido da Bahia e da cultura africana.

Radicado no município desde os anos ’80, quando deixou para trás a pequena Itapetinga (579 km de Salvador) no interior da Bahia para seguir com a família com destino a Rondônia, ele viu o crescimento de Vilhena, desde as ruas empoeiradas, o pequeno comércio, a chegada de luz e água em muitos bairros e o nascimento do Cristo Rei no começo dos anos de 1990, hoje o bairro mais populoso da cidade.

Pai de quatro filhos, ele cria dois netos de uma filha já falecida e vive com a mãe em uma pequena casa nas imediações da escola Vilma Vieira, no bairro Cohabinha. Homem de vida simples, a profissão de catador de ‘sucata’ e artesão, tornou-se para ele o meio de vida.