Brasileiro está comprando mais livros durante a pandemia

Dados mostram que aquisição de livros no primeiro trimestre de 2021 subiu em relação ao mesmo período do ano anterior.

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O brasileiro tem comprado mais livros. É o que apontam dados colhidos em pesquisas do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), e a boa notícia veio ao encontro da comemoração do Dia do Livro.

O levantamento feito pela entidade mostra que foram vendidos cerca de 12 milhões de exemplares no primeiro trimestre de 2021 contra 9,6 milhões no acumulado de janeiro a março do ano anterior, o que representa uma expansão de 25%. A receita com a venda de livros somou R$ 544 milhões contra R$ 471,5 milhões no mesmo período de 2020.

Parte dessa melhora se explica pelo fato de o brasileiro ainda estar inserido em um contexto de restrição social. Em meio à pandemia, festas, shows e eventos públicos estão proibidos – aglomerações, nem pensar. Passando mais tempo em casa, as pessoas procuram novas atividades para se entreter. Em alguns casos, retomar a leitura funciona como uma espécie de reconexão a um hábito antigo.

“O quadro muito positivo é que o brasileiro está lendo mais. Desde julho do ano passado, as vendas têm crescido e continuaram crescendo este ano, o que, para mim, evidencia uma reconexão com o livro e com a leitura. É como se as pessoas [re]descobrissem o prazer de ler, porque estão mais em casa, porque têm mais tempo. E, ao redescobrir o prazer de ler, elas redescobrem o hábito da leitura; colocam o livro no seu hábito diário. Isso faz com que as pessoas leiam mais. Estão consumindo mais livros. Isso é superpositivo”, disse Marcos da Veiga, presidente do SNEL, em entrevista à Agência Brasil à ocasião do Dia do Livro.

A edição 2020 da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro, mostrou que pouco mais da metade dos brasileiros têm o hábito da leitura (52%). Apesar da queda em quase todas as faixas etárias, uma delas chamou a atenção de especialistas, entre eles, professores, psicólogos e pedagogos: a das crianças com idade entre 5 e 10 anos. O número de leitores nessa faixa saltou de 67% para 71%, um aumento significativo entre os dados de 2015 e 2019, datas em que foram realizadas as pesquisas das últimas edições.

Outro dado importante é que os pré-adolescentes brasileiros também estão cultivando o hábito da leitura. Os índices entre jovens de 11 a 13 anos são promissores: o número de leitores passou de 81% para 84%. Isso significa que a camada leitora dos adultos do futuro tende a ser diferente do que a registrada atualmente.

Para Veiga, há uma espécie de ressurgimento da força dos livros entre as crianças. “Nós, enquanto indústria, precisamos manter o livro presente na vida das pessoas; precisamos entrar nas casas das pessoas através das mídias sociais das livrarias, das editoras, que são muito fortes. Isso nos permite estar convidando o leitor a conhecer mais livros, fazendo promoções.”

Parte desse aumento se deve, também, à presença e à penetração dos clubes de livros infantis na rotina das famílias. Muitos adultos não têm tempo ou mesmo conhecimento para indicar uma boa leitura para filhos e filhas ou crianças inseridas na família. Para que elas tenham a leitura adequada para a sua idade, clubes de assinatura disponibilizam um acervo gerido por especialistas  – uma espécie de curadoria para a biblioteca infantil.

Nesses clubes, estão reunidos escritores, psicólogos, professores e pedagogos. Para quem é assinante, todo mês há o recebimento de um ou mais livros destinados às crianças, com dicas para a leitura. É importante dizer que esse formato sugere uma interação entre a criança e os adultos e, por isso, é fundamental criar um clima lúdico, sem imposições.

Para tornar esse momento cada vez mais natural, procure ler com frequência para a criança em casa: estimule brincadeiras sobre o livro lido, como desenhar a cena preferida ou utilizar bonecos para reproduzir a narrativa; associe a história do livro à vivência da criança ou chame a atenção para algo que apareceu no livro – como uma personagem, um objeto, uma sensação, uma paisagem –, para incentivar uma conversa sobre o assunto e explorar a experiência desenvolvida com a obra.