Google interrompe publicidade na Rússia e suspende canais russos do Youtube

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O Google anunciou na última quinta-feira (3/3) que suspendeu o serviço de publicidade online na Rússia. A proibição abrange os serviços de pesquisa, Youtube e parceiros de publicação do Google.

“À luz das circunstâncias extraordinárias, estamos pausando os anúncios do Google na Rússia”, disse a empresa.

Segundo reportagem do Wall Street Journal, a medida se deve a exigência do órgão regulador russo que pediu que não fosse exibido no país nenhum anúncio com informações consideradas falsas sobre a guerra na Ucrânia.

O anúncio acontece 2 dias depois da empresa suspender a publicidade em conteúdos de jornais estatais. A medida também proibiria que conteúdos publicados pelas estatais Sputnik, RT e outras mídias fossem exibidos no Google News. A pedido do governo da Ucrânia, o Google também suspendeu os canais das mídias no YouTube no país.

Outros serviços da empresa — como pesquisa, mapas e YouTube — seguem disponíveis na Rússia. Com as sanções aplicadas aos bancos no país, alguns produtos, como o Google Pay, apresentam instabilidade.

Canais suspensos no Youtube

O Google anunciou também que o YouTube passou a bloquear geograficamente os meios de comunicação controlados pelo governo da Rússia na Europa. O veículo Russia Today (RT) e o Sputnik são financiados pelo estado russo e estariam sendo utilizados para disseminar propaganda positiva do ataque contra a Ucrânia.

Em um tuíte oficial, a representação europeia do Google anunciou que a restrição de acesso foi aplicada para todos os países europeus. “Devido à guerra em andamento na Ucrânia, estamos bloqueando canais do YouTube ligados a RT e Sputnik em toda a Europa, com efeito imediato”, destacou a mensagem.

Qualquer pessoa em território europeu que tente navegar por um dos dois canais bloqueados é recebida com uma mensagem de que o conteúdo “não está disponível em seu país”. Esse tipo de restrição costuma ser aplicado por IP, portanto uma simples VPN poderia resolver o problema, mas a maioria da população não deverá se dar ao trabalho de usar essa técnica.

A medida teria sido uma resposta da gigante das buscas à pressão que autoridades da União Europeia para ações mais duras. Na segunda-feira (28), o comissário de mercado interno da UE, Thierry Breton, teria feito uma videochamada com os CEOs do Google e do YouTube para pedir apoio na intensificação de sanções contra a Rússia.

O YouTube hospeda milhares de vídeos de veículos jornalísticos russos, quase todos afiliados ao Estado da Rússia, o que os transforma em porta-vozes de comunicados. O canal da RT afirma que o perfil é a rede de notícias mais assistida no YouTube, portanto essa restrição pode ter grande impacto na audiência.

Monetização suspensa 

A plataforma já havia anunciado a suspensão da monetização destes e outros canais, como forma de pressionar a Rússia. Estima-se que os perfis russos tenham ganhado no ano passado até US$ 32 milhões, receita somente da publicidade inserida nos vídeos.

A Meta também decidiu restringir o alcance dos vídeos russos no Facebook e no Instagram, além de impedir a compra de propaganda para impulsionar conteúdos do país de Vladimir Putin. A empresa passou a rotular páginas e conteúdos vinculados à mídia estatal russa, o que desagradou o Kremlin, que ameaçou banir as redes sociais do país — punição semelhante foi expandida ao Twitter.

Embora a medida afete a audiência dos canais russos, houve crítica internacional pelo fato de o YouTube apenas ter imposto a restrição geográfica, em vez de apenas excluir conteúdos ou suspender as contas, o que poderia frear a campanha propagandística russa. Por outro lado, há quem diga que esta seria uma violação da liberdade de expressão, já que toda guerra tem dois lados.

 

FONTE: CM7