A compra milionária e suspeita feita pela Secretaria de Estado de Saúde (SESAU) dos kits de testes rápidos da empresa Buyer BR, ganhou um novo capítulo na quarta-feira, 13 de maio.
O Estado de Rondônia comprou e pagou 30% adiantado de um valor global de R$ 10 milhões, pelo total de 100 mil kits de teste rápido para Covid-19. A compra foi em 7 de abril deste ano e o material deteria ter sido entregue dez dias depois, porém, os kits ainda não foram entregues. A empresa alegou problemas com transporte, e o mais grave, eles não têm registro na Anvisa, que era uma das exigências feitas pelo chamamento público.
A venda levantou suspeita pela velocidade que foi feita, e a dispensa de outras empresas, que tinham kits à pronta entrega, com todos os registros necessários, e até com preço menor. A prefeitura de Porto Velho comprou, no mesmo dia, kits produzidos na Alemanha por R$ 79, enquanto o Estado pagou R$ 105 por cada unidade.
A empresa Buyer BR é sediada em São Paulo, e até então a compra causava estranheza apenas pela velocidade com que foi feita, no entanto, a relação de amizade entre a representante da empresa e o chefe da Casa Civil colocou mais dubiedade na transação.
Nesta semana o site O Observador revelou que a representante da empresa em Rondônia é Maíres de Carli, que foi sócia do chefe da Casa Civil Junior Gonçalves na empresa RCC Comércio de Alimentos LTDA, uma espécie de ‘Herbalife’ que se apresenta assim, “uma empresa que vende Combos de Alimentos e de Limpeza e utiliza como estratégia de vendas o sistema comercial de Marketing Multinível”.
Maíres gravou o vídeo abaixo no aeroporto de São Paulo para mostrar que os kits existem e já chegaram. Mas eles continuam sem registro na Anvisa e não podem ser utilizados no Brasil.
O Ministério Público obteve na Justiça o bloqueio dos recursos na conta da empresa, porém não informou ainda se obteve êxito, ou traduzindo, se o dinheiro ainda estava disponível na conta da Buyer BR ou se já foi comprometido.
O Corpo de Bombeiros mandou um avião para São Paulo para buscar os kits sem registro. O correto seria o Estado cancelar a compra e o Ministério Público apurar com muita cautela o passo a passo dessa negociação que envolve gente do primeiro escalão do governo. Os cofres públicos agradecem.
Fonte: Com informações do Ministério Público e O Observador