Na atual conjuntura econômica do agronegócio brasileira onde a competitividade agrícola vem aumentando cada vez mais, não basta apenas que os agricultores se preocupem em obter altos índices de produtividade, pois este não é o único fator que influenciará no resultado final.
Na busca incessante do aumento na produção, melhores taxas de juros, queda no valor dos insumos entre outras reivindicações, os agricultores em sua maioria esquecem um fator estratégico no período pós-colheita que pode fazer a diferença na hora de comercializar os seus produtos, interferindo de forma direta em seus custos de produção e também na oportunidade de mercado em um momento de melhores preços para comercializar os produtos. Trata-se da capacidade de armazenamento de grãos que as empresas rurais possuem em suas instalações.
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB (www.conab.gov.br, acessado em 07/08/2018), o estado de Rondônia possui atualmente uma capacidade armazenadora estática de grãos de 728.065 t.
Como dado comparativo em 2007 a capacidade era de 483.400 t passando para 728.065 t em 2017, uma evolução de 50,61%. Neste mesmo período a produção agrícola saltou de 886.200 t (safra 2007/08) para 1.864.000 t (safra 2016/17), aumento de 110,34%. Diante de tais dados é evidente o déficit existente na capacidade armazenadora de grãos no Estado de Rondônia.
Ainda de acordo com dados da CONAB, Vilhena possui atualmente uma capacidade de armazenamento de 255.704 t, subdividido da seguinte forma:
– Armazenamento convencional: 25.097 t
– Armazenamento a granel: 230.607 t
Algumas vantagens, relevantes, podem ser evidenciadas com uma estrutura adequada de armazenamento, tais como:
- Poder de precificação ao comercializar no melhor momento;
- Redução de custos na comercialização e escoamento;
- Flexibilidade no escoamento da produção em períodos de pico da colheita;
- Redução de perda pós-colheita;
- Garantia da qualidade dos grãos colhidos da lavoura;
- Planejamento e flexibilidade de colheita;
- Economia no pagamento de taxas de secagem e armazenagem;
Possibilita ainda ao produtor rural a escolha da melhor época para a comercialização de seus produtos, vendendo somente o necessário no pico da safra e comercializar boa parte de sua produção no momento em que os preços forem mais favoráveis em um cenário de expectativa de alta do preço.
Para ilustrar este caso vejamos:
Milho saca de 60 kg | |
Data do Fechamento | Valor |
13.07.2018 | R$ 36,70 |
13.08.2018 | R$ 41,71 |
Fonte: www.cepea.esalq.usp.br
- Houve no período (30 dias) uma valorização de 13,65%.
O contraponto destas vantagens centraliza-se no alto nível de investimento que os produtores tem que realizar na construção destes armazéns, onde na maioria dos casos não possuem capital suficiente ou não encontram linhas de créditos adequados para financiar tal investimento.
Considerando os fatos citados, verifica-se que, além do atrativo das razões qualitativas de se implantar uma unidade armazenadora adequada na propriedade rural, tais como dinamização da colheita, flexibilização do escoamento da produção, racionalização das perdas tanto em quantidade como em qualidade e garantia de individualidade da safra, as quais traduzem em vantagens econômicas, é possível potencializar o faturamento da atividade, que pode se alterar de acordo com a estratégia da empresa, esperando a melhor época para realizar a comercialização de seus produtos.
AUTOR:
Prof. Esp. Cesar H. M. Andrade.
Professor da Disciplina de Contabilidade Aplicada ao ao Agronegócio na Faculdade Avec de Vilhena.