Cerca de setenta voluntários utilizando 15 barcos retiraram aproximadamente cinco toneladas de resíduos sólidos do rio Guaporé e seus afluentes na região do Cone Sul. A 9ª edição realizada no sábado, 18 de novembro, com concentração na comunidade Vila Neide no município de Cabixi, faz parte de um projeto que tem como objetivo garantir a manutenção da boa navegabilidade, conservação de espécies de peixes e as belezas naturais de um dos rios mais belos e importantes do país.
O projeto iniciado pelo ambientalista José Ribeiro da Silva, conhecido como “Zé Ambientalista” – servidor da Secretária Estadual de Desenvolvimento Ambiental (Sedam) – completa no próximo ano uma década, já tendo promovido a retirada de quase 50 toneladas de lixo numa faixa de 250 quilômetros extensão, e o maior volume é latas, garrafas de vidro, garrafas pet e sacolas plásticas, mas os voluntários já encontraram de tudo, desde carcaças de barcos abandonados até sofás, eletrônicos e eletrodomésticos, como geladeiras e fogões. E o avanço das construções de alvenaria também tem preocupado, pois material como entulho tem sido encontrado na margem do rio.
Nas últimas edições o projeto ampliou a área de atuação, chegando até regiões mais distantes como Pimenteiras do Oeste, e o volume de lixo coletado se manteve entre quatro e cinco toneladas por ano. Para o coordenador “Zé Ambientalista”, a ampliação da área de coleta com a manutenção da quantidade de material recolhido, mostra que a população e turistas estão se conscientizando sobre a necessidade de preservação do rio e seus afluentes.
Todo o material será levado para o lixão municipal, onde catadores irão separar os resíduos recicláveis. “Hoje não usamos mais o termo lixo, e sim resíduos sólidos, pois pessoas sobrevivem destes materiais”, destacou Orlando Silva – diretor regional de gestão ambiental da Sedam de Colorado e região de Cabixi.
#SomosTodosGuaporé
A ação ganhou força e reuniu em prol do projeto integrantes da Z-11 (cooperativa de pescadores da localidade), munícipes de toda a região, órgãos como Sedam, Emater, Prefeitura e Câmara de Vereadores de Cabixi, além ribeirinhos e moradores das vilas às margens do rio, e há dois anos consecutivos a cooperativa de crédito Sicoob Credisul se juntou ao grupo para fortalecer a iniciativa.
Nesta 9ª edição a cooperativa lançou a campanha #SomosTodosGuaporé, que teve, além da função prática de limpeza, a proposta de promover a conscientização ambiental da população sobre a necessidade de conservação do Guaporé e seus afluentes. As atividades dos voluntários da Sicoob tiveram início na sexta-feira, 17, com a distribuição de camisetas com o slogan da campanha e adesivos para veículos e barcos. “Temos que enaltecer o trabalho desenvolvido de forma espontânea por todos os voluntários e salientar que a preservação do Guaporé impacta na vida de milhares de pessoas, desde o ribeirinho até o agente de turismo que nem mora na região, mas que manda turistas para o rio”, disse em nota Ivan Capra, presidente da Sicoob Credisul.
Sobre o rio Guaporé
Considerado o “rio da diversidade”, o Guaporé está localizado em uma zona de transição formada pelo encontro de dois biomas, a Floresta Amazônica e o Pantanal Mato-grossense, o que favorece uma formidável biodiversidade destes dois ricos ecossistemas. O espanhol Ñuflo de Cháves foi o primeiro explorador europeu a chegar ao Vale do rio Guaporé, entre 1541 e 1542, embora estivesse apenas de passagem.
Bandeirantes chegaram a região por volta de 1650, com o objetivo explorar os minerais do território, sobretudo o ouro. Como consequência da descoberta de ouro a margem direita do rio Guaporé, a Coroa Portuguesa fundou a capitania de Mato Grosso em 1748, que abrangia as terras que atualmente fazem parte do estado de Rondônia. O objetivo era a ocupação da região, sobretudo a margem direita do rio, para garantir a sua posse, ameaçada por espanhóis e pelos indígenas.
Fronteira natural entre Brasil e Bolívia em todo o seu percurso no estado de Rondônia, o Vale do Guaporé faz parte do corredor ecológico binacional Guaporé-Mamoré-Intenêz. Forma um roteiro que combina o prazer de pescar esportivamente a atrativos naturais, históricos e culturais, que misturam origens caboclas, quilombolas e indígenas. Ou seja, é um tesouro que precisa ser preservado.

Nas últimas edições o projeto ampliou a área de atuação, chegando até regiões mais distantes como Pimenteiras do Oeste.

Há 9 anos em atividade o projeto promoveu a retirada de quase 50 toneladas de resíduos sólidos no rio Guaporé e seus afluentes.

Cerca de 30 meninas e meninas com idades de 8 a 14 anos integram o “Cristãozinhos Ambientalistas”, projeto este criado pelo Zé Ambientalista. Há quatro anos eles participam da ação de limpeza do rio.
FONTE: VILHENA NOTÍCIAS