Dois rapazes, com idades de 20 e 19 anos, procuraram nessa semana o Vilhena Notícias dizendo que foram submetidos a péssimas condições de trabalho no período que foram garis da Limp Serv, empresa esta que faz, de forma terceirizada, o trabalho da coleta de resíduos sólidos (lixo) para o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), em Vilhena.
Os denunciantes contam que trabalharam para a empresa durante 4 e 2 meses respectivamente e não aguentavam mais as difíceis condições a que eram submetidos. Ambos foram demitidos, mas a empresa não deu uma justificativa, contam eles.
O trabalhador de 19 anos, que na matéria usaremos o pseudônimo de “João”, acredita que alguém da empresa tenha visto ele e o companheiro registrando em fotos e vídeos as supostas condições insalubres de trabalho, e repassado à gerência da empresa, que os demitiu.
>> Câmara aprova jornada de seis horas para garis. O Projeto de Lei 1590/11 ainda precisa ser aprovado no Senado e depois enviado para sanção presidencial.
“Trabalhávamos nove horas diárias e sem direito a receber horas extras”, diz “João”.
Os jovens reclamam ainda que a empresa deixa a desejar em relação a segurança do trabalho. “Como equipamentos de segurança tínhamos apenas botina de “pedreiro” e luvas, a empresa não dava máscaras, e trabalhamos diariamente com o mau cheiro dos lixos, arriscando pegar alguma doença respiratória”, denuncia “João”.
Os garis narram que também eram frequentemente escalados para fazerem a coleta de lixo no distrito de Nova Conquista, e afirmam que o caminhão caçamba usado naquela localidade tinha uma série de irregularidades, como falta de uma das rodas traseiras, que pode ser visto em um trecho do vídeo desta matéria, e a escada que dá suporte para subir na caçamba era quebrada. A filmagem também mostra esse problema.
Eles alegam terem sido demitidos sem justa causa, e agora procuram atendimento na rede pública de saúde, para tratar problemas de pele que surgiram nas mãos e pés, devido ao contato com o lixo: “como o caminhão não tinha a prensa, nós subíamos na caçamba para ir compactando o lixo e assim caber mais, e depois desse contato direito com o lixo surgiram uma coceiras e feridas nos braços e pernas”, frisa “João”.
O QUE DIZ A EMPRESA
O dono da empresa, Antônio Tavares de Almeida, e Alexandra de Almeida, chefe do setor de recursos humanos da empresa, estiveram na tarde de quarta, 21, na redação do Vilhena Notícias e rebateram as acusações dos ex-empregados.
Em relação à jornada de trabalho, Alexandra diz que a empresa cumpre a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): “os coletores do período diurno trabalham 9 horas diárias nas segundas, terças, quintas e sextas, na quarta a jornada é de 8 horas – com intervalo de 1h30 de almoço –, essa programação é para que eles folguem nos finais de semana, mas caso ocorra a necessidade de trabalhar aos sábados, a empresa paga hora extra conforme convenção coletiva”.
Segundo Tavares, a empresa já está tomando as providências cabíveis contra os rapazes, inclusive com registro de ocorrência policial, pois “os ex-funcionários estariam buscando a imprensa apenas para denegrir a imagem da empresa”, que atua em Vilhena desde 1997, quando foi criada a Multi Limpe, e em 2011, passou a se chamar Limp Serv, atuando na coleta de lixo urbano e rural.
A empresa disponibiliza, conforme contrato com o SAAE, quatro caminhões prensa e um caminhão reserva para a coleta. Sobre o caminhão caçamba, a empresa diz que será retirado do serviço no dia 28 deste mês.
A Limp Serv também negou que não tenha pago horas extras aos funcionários. Na redação do jornal, Alexandra de Almeida apresentou os holerites dos rapazes, que mostram pagamentos de 40% de insalubridade, proporcionais de férias e 13º salário. A empresa também paga auxílios alimentação e transporte.
A administração ressalta ainda, que é um direito demitir um funcionário que não se enquadre nos padrões da empresa: “Nós temos o direito de desligar um funcionário, e pra isso, a empresa paga todos os direitos trabalhistas. Ocorre que, tivemos várias reclamações sobre o rendimento do trabalho deles, e a empresa tem um contrato a cumprir com o SAAE”.
No ato de demissão, ambos passaram por exames médicos e os laudos assinados por um médico foi anexado ao processo de desligamento da empresa. “Temos todos os comprovantes de pagamentos a que eles tinham direito, temos ainda o exame demissional dos dois, que prova que saíram da empresa sem nenhum problema, não há o que reclamar”, finalizou Alexandra.
Vídeo registrado pelos denunciantes:
A Limp Serv passou a operar na coleta de lixo no município em novembro de 2016, depois de ter ganhado um processo de licitação. O prazo de vigência do contrato junto à Autarquia é de 5 anos, mas o contrato de prestação de serviço entre o SAAE e a empresa foi renovado em novembro do ano passado. De acordo com a assessoria do SAAE, a renovação foi no mesmo valor do primeiro ano, o que foi viável. “A empresa está cumprindo além do que está no contrato, caso de caminhões a mais disponibilizados”, disse o SAAE em nota.
O dono da empresa, Antônio Tavares de Almeida, e Alexandra de Almeida, chefe do setor de recursos humanos da empresa.
FONTE: Vilhena Notícias